Nem todo problema de esquecimento é Alzheimer: conheça possíveis causas e as técnicas de memorização

Ansiedade e alguns prejuízos relacionados à aprendizagem e à atenção podem atrapalhar o processamento das informações e a capacidade de reter dados

  • Por Camila Magalhães
  • 04/11/2021 09h00
wayhomestudio - br.freepik.com À frente de um fundo rosa, jovem mulher branca de óculos, usando um macacão, coça a cabeça com a mão direita e faz uma careta, aparentando ter esquecido algo Usar estímulos como cores, palavras ou objetos é um jeito interessante de acessar a memória

Olá! Hoje vou responder à pergunta do Ricardo, de 41 anos, sobre problemas para memorizar e guardar informações. “Dra. Camila Magalhães, antes de mais nada, quero parabenizá-la pelas informações e conteúdos em saúde mental. Vi o seu programa sobre Alzheimer e demência, que me chamou a atenção, pois, desde jovem, sempre tive muita dificuldade em estudar, assimilar ou até mesmo decorar as informações. Quando encontro pessoas, tenho dificuldade para lembrar seus nomes. Isso me perturba porque não quero ser assim. Por favor, me oriente. Muito obrigado e boa semana!”

Primeiramente, agradeço muito ao Ricardo pelos elogios. Fico feliz que o programa e esta coluna estejam ajudando as pessoas a terem mais informações e a questionarem mais sobre saúde mental. Vamos lá: nem todo esquecimento ou dificuldade para assimilar informações está associado a um processo degenerativo do tipo demencial. No seu caso, em especial, o fato de você apresentar esses sintomas desde jovem fala mais a favor de prejuízos relacionados à aprendizagem ou à atenção. Esse esquecimento também pode estar relacionado à ansiedade, já que o estresse frequente pode atrapalhar no processamento das informações e na capacidade de reter dados. Inicialmente, as informações ficam armazenadas na memória de curto prazo por meio da repetição, mas isso não será suficiente para que essas informações durem na nossa memória. Você precisa estabelecer relações entre as informações novas e as antigas. 

O conhecimento que acumulamos ao longo da vida é responsável por criar padrões e mudar a forma como as informações são interpretadas. Nós estabelecemos uma memória de longo prazo quando uma informação vai ao encontro de um determinado padrão. Por isso, muitas técnicas de memorização consistem em associar novas informações a estímulos como uma palavra ou cor. O trabalho que você mencionou para recordar os nomes de pessoas é muito comum. Existe, inclusive, um nome para a dificuldade em recuperar memórias de longo prazo: o fenômeno da ponta da língua. Uma quantidade enorme de informações é armazenada nesse sistema! Um jeito interessante de acessá-las é usar pistas de recuperação, que são estímulos como uma cor, palavra ou objeto – associados à informação.

Quanto mais conexões significativas nós estabelecemos entre uma informações e outra, maior fica esta rede que estrutura a memória, e isso nos ajuda a lembrar as coisas com mais facilidade. Isso acontece porque essas conexões processam as informações em um nível mais profundo. Por fim, uma outra dica é a gente ouvir mais e anotar menos. Em vez de tentar registrar todos os detalhes da primeira vez, concentre-se em ouvir e entender todas as informações primeiro. Tem alguma dúvida ou quer sugerir um tema? Escreva pra mim: @dra.camilamagalhaes.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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