Resista às pressões pró-Lula, Rosa Weber

  • Por Felipe Moura Brasil/JovemPan
  • 22/03/2018 08h39 - Atualizado em 22/03/2018 10h34
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil A ministra Rosa Weber é contrária à prisão após segunda instância, mas pode votar contra o HC de Lula

O ministro Celso de Mello disse ao jornal Valor Econômico que o julgamento do habeas corpus de Lula, marcado para esta quinta-feira (22), indicará a tendência do STF sobre prisões após condenação em segunda instância.

“Pode ser no sentido de manter-se a atual jurisprudência, que elegeu o julgamento em segunda instância como o critério definitivo, ou pode ser que essa interpretação evolua para adotar uma outra exegese do texto constitucional.”

Como se dar mais tempo de liberdade a bandidos fosse uma evolução.

O decano do Supremo, que lidera a operação salva-Lula na Corte, faz parecer que duas coisas diferentes são a mesma coisa, mas não são. Tanto que a ministra Rosa Weber é contrária à prisão após segunda instância, mas pode votar contra o HC de Lula.

Em quase todos os habeas corpus que analisou, ela seguiu a orientação estabelecida pelo tribunal em outubro de 2016, para não contrariar a maioria, enquanto as ações que tratam do tema da execução da pena não são julgadas e o entendimento da Corte não muda.

Até Gilmar Mendes concedeu liminares favoráveis a condenados em segunda instância em apenas 5 dos 18 pedidos de habeas corpus que relatou.

Ocorre é que Celso de Mello está contrariado com a decisão estratégica de Cármen Lúcia de pautar o HC de Lula.

Para o decano, o ideal seria analisar primeiro as ações que questionam o STF sobre prisões em segunda instância. Lidar com o caso específico de Lula deixará o tribunal muito exposto nesta quinta, afirmou Celso de Mello, segundo o Painel da Folha.

Isso é a confissão de que ele queria disfarçar a operação salva-Lula, salvando também outros condenados com a alteração genérica da jurisprudência, fazendo de conta que o casuísmo lulista não era casuísmo. A estratégia de Cármen Lúcia foi impedir o disfarce.

Hoje, quem quiser melar a prisão de Lula terá de se expor ao vivo para a população brasileira, dando um voto específico a favor da liberdade do petista condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.

Diante da tendência de placar apertado, o voto de Rosa Weber poderá ser decisivo para mandar Lula para a cadeia.

Resista às pressões contrárias, Rosa. Não mele a sua biografia.

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