Cenário econômico ainda pede cautela: estamos na primeira semana janeiro e não se sabe nem se haverá Carnaval

Devemos ter um primeiro semestre confuso por conta do quadro eleitoral e ninguém consegue afirmar com certeza qual será o impacto da variante Ômicron na economia

  • Por Fernanda Consorte
  • 03/01/2022 14h13 - Atualizado em 03/01/2022 14h18
MARCOS VIDAL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 29/12/2021 Preparos e reajustes sendo realizados no Sambódromo do Rio de Janeiro Sambódromo do Rio de Janeiro pode ficar sem os desfiles das escolas de samba por mais um ano

E não é que estamos em 2022? Já antecipo que as dúvidas são as mesmas dos últimos meses. Pouco se foi decidido na últimas semanas, e mais: ainda temos a pandemia roubando nossas noites de sono. Em poucas palavras (já mil vezes repetidas por aqui) o cenário doméstico está com os dois pés atrás por conta da evolução (ou involução?) das contas fiscais e, no cenário externo, ainda se questionam se a nova variante Ômicron terá efeitos na atividade econômica após vários voos cancelados durante as festas de final de ano. Ou seja, o cenário ainda pede cautela.

E, ainda na ressaca de Ano Novo, os mercados estão meio parados, e as expectativas dos analistas não sofreram grandes alterações. Olhando para a pesquisa Focus, a grande mudança nesta semana é o contínuo descontentamento em relação à atividade econômica brasileira. Hoje, a mediana das estimativas do mercado projeta uma alta tímida do PIB para 2022, de 0,36%. De fato, devemos ter um primeiro semestre confuso por conta do quadro eleitoral, o que deixa os agentes desconfiados. A chave para crescimento econômico está sempre na confiança dos empresários e consumidores. Acredito que o segundo semestre será menos nebuloso, pois já saberemos com qual “bicho” estaremos lidando, ou ao menos qual a maior probabilidade. 

A outra tristeza está na inflação, que, segundo o mercado, deve ficar acima da meta, em 5%, elevando os juros a 11,50% a.a. Honestamente, eu acredito que ambos valores podem ser maiores. Mesmo porque a taxa de cambio não tem dado trégua. Quem imaginava que ela fecharia 2021 perto dos US$/R$ 5,7? Eu não, e ouso dizer que ninguém. E se o primeiro semestre for mesmo perturbador, a taxa de câmbio vai refletir isso. Mas com muita, muita volatilidade. E isso porque estou só olhando para o fuzuê que eleições presidenciais costumam causar na vida da gente. A variável solta nesta historia é justamente a pandemia, que, nos cálculos de muita gente, já deveria estar minguando a essa altura do campeonato.

Alguns números começam a incomodar, mesmo aqui no Brasil. Os testes rápidos positivos para Covid-19 explodiram nos últimos 30 dias. Mais uma onda por aqui? Por outro lado, os dados mais recentes do Reino Unido descobriram que o risco de hospitalização para pessoas infectadas com Ômicron é cerca de três vezes menor do que pela variante Delta. Mas se há uma coisa que realmente aprendemos nesses últimos dois anos de pandemia, é que não podemos afirmar nada. Notem o tamanho da incerteza brasileira: estamos na primeira semana de janeiro e ainda não sabemos se haverá Carnaval. Tempos estranhos esses.

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