Indicadores econômicos mostram qual é a cara do Brasil atualmente

Empresariado parece menos pessimista, mas a taxa de desemprego segue alta e o aumento de preços corre solto

  • Por Fernanda Consorte
  • 30/11/2021 14h03
Pixabay/Csaba Nagy gráfico genérico IPCA já acumula alta de 10,7% nos últimos 12 meses encerrados em outubro

Acho sempre importante dividir os patamares dos indicadores econômicos, ao menos de tempos em tempos. Às vezes ficamos só na verbalização das coisas, mas os números que nos ancoram em ideias – sim, tem um pouco de intuição, mas sem os dados, o voo é cego; fica sendo só conversa. Olhando para a atividade econômica, os indicadores de confiança tocam meu coração. Neles você consegue perceber o apetite do empresariado e consumidor, quanto mais confiança na economia, mais sugere que estamos indo bem. Se olharmos a série histórica até a pandemia, a confiança do consumidor era uma média de 93 pontos – e ali passou-se muita coisa, muita crise, mas também bonanças. Hoje a confiança está em 79 pontos. Baixa. Já o empresário parece menos pessimista, e em outubro marcou 100 pontos; acredito que muito pela expectativa do final da pandemia e retomada econômica

A taxa de desemprego segue alta, uma das mais altas do mundo, em 13%; mesmo assim, a inadimplência não foi tão afetada. Parece que o Brasil aprendeu a dar crédito. Hoje está em menos de 3% para pessoas físicas, e esse indicador já bateu 5% em épocas de forte expansão de crédito. Porém, o Brasil ainda concede pouco crédito, temos apenas 53% de crédito em percentual do PIB – é pouco comparado a outras nações emergentes. Neste sentido, amanhã será divulgado o PIB do terceiro trimestre de 2021, onde se espera um crescimento baixo. Não à toa as expectativas para o PIB de 2022 estão cada vez mais pessimistas. Na última leitura da pesquisa Focus, a mediana do mercado era de 0,54%. 

O problema mesmo está na inflação. O aumento de preços corre solto. O IPCA já acumula alta de 10,7% nos últimos 12 meses encerrados em outubro, muito por conta de preços administrados (com 17%) e comercializáveis (com 12%), devido a gasolina e dólar. Mas notem que os preços de serviços já estão acima da meta, e acumulam quase 5% nessa métrica. E, o IGP-M, claro, está aí com 22% praticamente, fazendo com que os contratos de aluguéis sejam reajustados nas alturas. Por isso, na próxima semana, o BCB deve subir a taxa de juros em cerca de 200 pontos percentuais, e por muito pouco não encerraremos 2021 com juros de 2 dígitos.

No front fiscal, o desânimo se completa quando se olha o patamar das despesas em relação ao PIB versus as receitas. Essas últimas até tiveram um bom desempenho dado a melhora na atividade econômica. Mas olhando à frente, não se sustenta. Enquanto as despesas públicas rodam a 20% do PIB, a receita está lutando para chegar lá (hoje em 18% do PIB). E a dívida bruta está lá, firme, em 83% do PIB. Finalmente, o brilho nos olhos vem pelas contas externas, com a Balança Comercial alcançando US$ 64 bilhões. O Investimento Direto no País (IDP) está lá nos 3% do PIB, um pouco abaixo da média histórica, mas se sustentando. Mas a taxa de câmbio esta muito pressionada, devido ao fluxo cambial ainda fraco no país. Qual é a sua conclusão? 

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