Exército tem motivos para poupar Pazuello, nomeado para titular dos Assuntos Estratégicos

Tática do presidente é impedir punição a um oficial leal, além de reafirmar que quem manda é o Comandante em Chefe das Forças Armadas

  • Por Jorge Serrão
  • 02/06/2021 15h55
Jefferson Rudy/Agência Senado - 19/05/2021 O ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, durante depoimento na CPI da Covid-19 Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello foi nomeado para o cargo de Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência

O presidente Jair Bolsonaro começa a dar demonstrações práticas de que está reafirmando a soberania de seu cargo de chefe do Poder Executivo, sem abusar da autoridade. Faz parte dessa tática a nomeação do General de Divisão na ativa Eduardo Pazuello para o cargo de Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O ato foi assinado por Luiz Eduardo Ramos, ministro chefe da Casa Civil – que é general de Exército na reserva. A Portaria 624, publicada no Diário Oficial da União de 1o de junho, só não faz referência a Pazuello como “servidor do Exército”. Pode ser um sinal de que o ex-ministro da Saúde já pediu para ir para a reserva. Também é uma indicação de que Pazuello será poupado de qualquer repreensão mais grave.

Em princípio, parece um erro tático de Bolsonaro nomear alguém desgastado politicamente para uma função tão próxima do Presidente. Na prática, a SAE não parece ser uma prioridade para Bolsonaro. Tanto que seu titular não trabalha no Palácio do Planalto, mas no prédio anexo. O primeiro titular da pasta na gestão Bolsonaro, general de Exército na reserva Maynard Marques de Santa Rosa, que ficou um ano no cargo, nunca conseguiu despachar sozinho com o presidente. Acabou derrubado por intrigas do então Secretário-Geral da Presidência, Jorge Oliveira Francisco. O Major na reserva da Polícia Militar do Distrito Federal – muito próximo de Bolsonaro – acabou indicado para o cargo vitalício de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

Depois da saída desgastante de Santa Rosa, que nunca foi ouvido pelo presidente, Bolsonaro alterou o status da SAE. Deixou de ser um mero departamento da Secretaria-Geral da Presidência para ficar ligada diretamente ao presidente. Bolsonaro nomeou, em fevereiro de 2020, o Almirante Flávio Rocha para a função. Ainda na ativa, o militar veio do comando do 1º Distrito Naval da Marinha, no Rio de Janeiro. Em tese, a SAE tem “a competência de elaboração de subsídios para a formulação do planejamento nacional estratégico e das ações estratégicas de governo”. Em abril de 2020, Bolsonaro indicou Rocha para cuidar da transição entre Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich no Ministério da Saúde. Depois, escalou o mesmo almirante para acumular a SAE com o comando da SECOM (Secretaria de Comunicação), vinculada ao Ministério das Comunicações. Ele ficou no lugar de Fábio Wajngarten. O almirante acumulou o cargo na SECOM até abril deste ano, quando foi substituído pelo Coronel da PM no DF, André Costa. Agora, o Almirante passa a SAE para Pazuello. Definitivamente, o órgão não recebe a importância merecida.

Por pura pressão da narrativa esquerdista-oposicionista-midiática, Pazuello responde a processo disciplinar no Exército por ter participado de passeata a favor de Bolsonaro. O caso tende a dar em nada. Não só porque Bolsonaro blindou o general. Mas porque a maioria do Alto-Comando do Exército avalia que Pazuello não cometeu qualquer irregularidade ou ilegalidade. Ele não teria infringido o artigo 45 do Regulamento Disciplinar do Exército. Ele participou de um ato político? Manifestação é um ato político, embora não partidário. Mas também vale a tese de que o general, sem farda, apenas participou de uma grande homenagem pública ao presidente, que é o Comandante em Chefe das Forças Armadas. Por isso, é muito provável que o Comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, deve anunciar que o caso foi arquivado, e que fica tudo como dantes no Quartel de Abrantes.

Na verdade, o general Pazuello administrou a pandemia em seu momento mais crítico, comandando o Ministério da Saúde. Bolsonaro tem gratidão por isso. Militares valorizam o respeito à hierarquia e, sobretudo, a lealdade entre comandante e comandado. Na realidade, Pazuello foi alvo da maior campanha midiática contra um ministro da Saúde. O militar só não foi acusado de ter praticado crimes ligados à corrupção. Pazuello tomou os “tiros” e “facadas” (simbólicas nas costas) no lugar do verdadeiro alvo da oposição destrutiva: Jair Bolsonaro. Na prática, Pazuello errou ou foi induzido a erro na estratégia de comunicação no combate à pandemia. Os adversários e inimigos do presidente se aproveitaram disso para fritá-lo. Isto é fato. O resto é fake. Pura narrativa de quem já perdeu, e tem tudo para sofrer novas derrotas em 2022.

Politicagem da Bola Judicializada

O Supremo Tribunal Federal foi acionado pela oposição destrutiva para impedir que a Copa América de Seleções aconteça no Brasil. O campeonato foi autorizado pelo presidente Jair Bolsonaro e será disputado em quatro sedes: Cuiabá, Goiânia, Brasília e Rio de Janeiro. Tudo sem presença de público e obedecendo às normas sanitárias já adotadas nas competições que acontecem no país. Por isso, é pouco provável que o ministro Ricardo Lewandowski conceda alguma liminar para impedir o torneio. O negacionismo futebolístico, neste caso, não tem a menor lógica. Do contrário, tendo a pandemia como desculpa, teriam de ser cancelados e interrompidos todos os demais campeonatos, como o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores.

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