Percepção de melhora na economia e persistente onda contra corrupção inviabilizam Lula

Além da polarização com candidato petista, maior luta de Bolsonaro será pela nada fácil aprovação do voto impresso pela urna eletrônica

  • Por Jorge Serrão
  • 07/06/2021 14h34 - Atualizado em 07/06/2021 15h38
Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo - 17/04/2021 De máscara e camisa bege, Lula discursa rodeado por militantes do PT Luiz Inácio Lula da Silva é o maior nome da oposição para as eleições de 2022

A melhora real nas condições e no ambiente econômico, trazendo otimismo concreto ao cenário político, tende a ser fatal para impedir qualquer chance de vitória da destrutiva oposição petralha na sucessão presidencial de 2022. Além disso, tem outro problema objetivo contra Luiz Inácio Lula da Silva. Segue intensa a vontade da maioria da população de não votar em políticos envolvidos em corrupção, a exemplo do que ocorreu no pleito de 2018. Assim, a tendência de percepção positiva da economia e a persistente bronca contra a “roubalheira” são fatores que inviabilizam o PT  — que não tem proposta para o Brasil e se limita a vociferar o “Fora, Bolsonaro” em “comparseria” com a extrema mídia, que sofre de abstinência de verbas publicitárias federais.

Graças ao petista-emérito FHC, que inventou a reeleição na base de negociatas com o Congresso Nacional, Bolsonaro tem tudo para se reeleger, apesar das sabotagens. Só uma fraude eleitoral muito descarada conseguiria detoná-lo. Infelizmente, além de insegurança jurídica pelo regramento excessivo e pela judicialização abusiva de tudo, o Brasil também não tem segurança eleitoral. A cúpula do Poder Supremo e da “Justiça Eleitoral” insistem em vender a falsa imagem de infalibilidade do sistema de votação eletrônica. Só que a falta de um voto impresso pela urna para conferência não garante 100% de confiabilidade. O país necessita de um aprimoramento do mecanismo de escolha política, instituindo a moderna votação eletrônica combinada com a recontagem pública de todos os votos impressos pelas urnas.

O establishment não aceita que se implante um sistema eleitoral mais confiável. Também não deseja a polarização que se desenha entre Bolsonaro e Lula. O problema é que, até agora, não se viabilizou uma candidatura que represente uma concreta “terceira via” eleitoral. Por enquanto, nem existem evidências de que o nome alternativo surja e consiga se viabilizar. O antipetismo segue persistente. A onda fabricada diariamente contra Bolsonaro não se consolida como um tsunami. Uma constatação merece atenção dos estrategistas e marqueteiros políticos. Uma faixa de 40 a 50% do eleitorado se revela muito insatisfeita com o estado de coisas vigente. A próxima eleição corre o sério risco de ter altos índices de abstenção e rejeição, em torno de 30 a 40%. Assim, a suposta via alternativa e os dois extremos eleitorais teriam pouco espaço de eleitorado a conquistar: em torno de 10 a 15% dos “revoltados com tudo e com todos”. Esse detalhe joga a favor de Bolsonaro — que está no comando da máquina. Se a economia seguir realmente melhorando e as classes mais baixas se sentirem beneficiadas, a reeleição dele se torna uma tendência forte.

Além de estar com o filme queimado pela má gestão, combinada com corrupção, o PT não apresenta propostas novas, reais, para melhorar o Brasil. O partido de Lula segue com o velho e desmoralizado discurso de sempre. A marquetagem petralha planeja, de imediato, lançar nas redes sociais uma intensa campanha, absolutamente artificial, focada no termo #voltaLula. A ofensiva deve começar pelo Twitter, ampliando-se pelo Facebook e Instagram. O partido que roubou os brasileiros tem muito dinheiro oculto malocado para investir nessa operação que não passa por qualquer fiscalização da tal “Justiça Eleitoral”. Os robôs-haters petralhas, com muitos perfis inteiramente falsos, já soltam a franga…

Lula também tenta outra manobra mais difícil: “roubar” de Bolsonaro uma parcela expressiva do Centrão do Congresso Nacional. Mas, por enquanto, o centro não dá mostras de que vá praticar infidelidade contra o presidente  — que não foi acusado, até agora, de promover negociatas para obter apoio político da maioria indefinida, volátil, fisiológica e pragmática do parlamento. Bolsonaro só tem contra si uma incógnita: a indefinição de escolha partidária e o risco de ingressar, novamente, em um partido nanico, sem recursos financeiros e militância estruturada, para disputar a reeleição. No mais, a polarização com o desmoralizado PT beneficia Bolsonaro. Lula não consegue andar na rua sem tomar vaia e xingamento, ao contrário do presidente. Resumindo: a volta do PT ao poder presidencial em 2022 ainda é um factoide quase impossível, um estelionato político vendido pela mídia decadente e sem credibilidade, que a secura de verbas públicas e a falta de vantagens estatais indevidas ou ilegais estão ajudando a matar. Por enquanto, a melhora na economia e o carimbo de “corrupto” colado em Lula favorecem Bolsonaro. O atual presidente só perde para ele mesmo e seus persistentes erros táticos de comunicação e governança.

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