Percepção econômica e insegurança pública decidirão a eleição entre Bolsonaro e Lula

Campanha ainda não começou de verdade; oposição investe em ataques ao desempenho econômico do governo, mas violência afeta a narrativa ‘progressista’; situação aposta em realizações concretas

  • Por Jorge Serrão
  • 30/05/2022 12h54
Montagem: Estadão Conteúdo Montagem mostra apoiadores de Jair Bolsonaro à esquerda, com uma faixa com o nome dele em verde e amarelo, e Lula e aliados em um palco à direita Jair Bolsonaro e Lula são os principais candidatos das eleições deste ano

Nem precisa fazer pesquisa para constatar que a percepção sobre a situação econômica e a insatisfação geral com a segurança pública são temas que pesarão (e muito) na sucessão presidencial 2022, que a polarização ideológica, a crítica à corrupção ou o antipetismo — tendências que continuam na pauta do eleitorado, desde a queda da presidenta (ops, presidente) Dilma Rousseff. A oposição e seu “consórcio” nacional-socialista de mídia amplificam o resultado das “pesquisas” de opinião para tentar justificar que o governo federal (mais especificamente Jair Messias Bolsonaro) é o culpado pela alta da inflação (que ocorre no mundo todo, resultante do pós-pandemia e pelos efeitos do conflito russo-ucraniano). Acontece que a mesma não consegue “sucesso” similar quando se vê obrigada a tratar de seu calcanhar de Aquiles: a conivência, leniência ou passada de pano para tentar aliviar a barra de criminosos que apavoram, violentam e exterminam milhares de brasileiros — a maioria cidadãos inocentes e honestos. Por isso, a desonestidade da narrativa criminosa e manipuladora tem tudo para sofrer um de seus maiores revezes históricos na eleição de outubro-novembro.

Certeza do momento? Uma polarização artificial que turbinou a antecipação leviana de uma campanha tumultuada — que nem sequer começou de verdade. O Estamento burocrático (mais conhecido pelo seu termo, em inglês, Establishment) tentou aplicar sua mais covarde manobra, através do aparelho juristocrático. O Supremo Tribunal Federal passou por cima da soberania de três instâncias do Judiciário e “descondenou” Luiz Inácio Lula da Silva, devolvendo-lhe direitos políticos para ser candidato. Na verdade, o golpe quis colocar Lula em confronto direto com o presidente, para induzir Bolsonaro a cometer algum erro que tornasse inviável, política e juridicamente, sua reeleição. A intenção era apenas usar Lula como uma espécie de “candidato-rufião”. Esperava-se que o tal nome de “terceira via” se viabilizasse. Mas Bolsonaro não entrou no jogo sujo do sistema, e a candidatura alternativa à polarização não ganhou força e vigor,  o plano da Turma do Mecanismo vem se mostrando falho. Assim, tendo a máquina pública na mão, articulação política concreta a seu favor e realizações em infraestrutura para propagandear, Bolsonaro fica bem posicionado para a reeleição. O apoio do agronegócio é decisivo.

Constatação do momento? A oposição não apresenta propostas concretas de solução para o Brasil. Restringe-se a uma simplória guerra ideológica de narrativas contra Jair Bolsonaro. Também opera, na torcida agourenta e maléfica, para que a economia apresente o pior resultado possível. Tudo para que Bolsonaro não possa tirar proveito de qualquer melhora — muito provável de acontecer, em função da desregulamentação econômica e dos pesados investimentos em infraestrutura, principalmente em rodovias, ferrovias e na mudança da matriz energética (com a chegada maciça das energias renováveis, solar e eólica). Vendido como “líder nas pesquisas”, o pré-candidato Lula não consegue adesões expressivas de políticos de centro. Popularmente, não consegue sair às ruas, para grandes mobilizações, com medo de tomar vaias e por não conseguir mais (como no passado) levar um número expressivo de simpatizantes aos eventos políticos. Além disso, pesa contra o PT a mancha da corrupção que causou um incalculável caos econômico, com impactos diretos sobre a desindustrialização e, principalmente, sobre o altíssimo desemprego. Portanto, o partido e seu líder são os verdadeiros sócios-responsáveis pelo que vai mal na economia brasileira.

Incerteza do momento? O Brasil vai para mais uma eleição com o cidadão sendo obrigado a aceitar o dogma inquestionável do resultado eleitoral proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral, por meio de um sistema eletrônico de votação que, na prática, é “inauditável”. Um dos pressupostos fundamentais do regime democrático é o sufrágio universal, que depende, diretamente, de um processo que contemple a Contagem Pública de Votos. O modelo imposto pela Justiça Eleitoral brasileira ainda é baseado em um inaceitável “trâmite sigiloso eleitoral”. Não é possível afirmar, sob risco de cometer leviandade, que ocorram fraudes eleitorais. No entanto, é certo constatar que o modelo modernoso é incompleto: peca pela falta de transparência. O correto e ideal seria permitir a impressão do voto pela urna eletrônica, após confirmação visual do eleitor, para contagem 100% na própria sessão eleitoral. Dessa forma, se o boletim da urna coincidir com os votos contados fisicamente, tudo estará justo e perfeito na eleição. O Brasil merece esse aprimoramento eleitoral. São inaceitáveis as posições reacionárias (principalmente de membros da Justiça Eleitoral) contra o aprimoramento do sistema de votação.

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