Josias de Souza: Improvável que França e Alemanha facilitem a vida do Brasil na OCDE
“O aval da Casa Branca à candidatura do Brasil a OCDE é importante, mas não é tudo. Esse processo começou no governo do Michel Temer, o pedido para ingressar na OCDE foi formalizado em maio de 2017.
A novela está só no começo e os mais otimistas estimam que o processo vai durar ainda mais dois ou três anos. Temos muitos episódios para ver ainda — e serão capítulos úteis e reveladores.
Esses desdobramentos serão uteis porque o brasil terá que se comprometer com boas políticas e regras de governança estabelecidas pela OCDE. Há centenas de pré-requisitos. E a discussão será reveladora porque a plateia vai ter mais uma oportunidade para ver ate onde vai a disposição de Jair Bolsonaro em realidade.
Não estamos falando só de economia. A OCDE é um clube de países — em sua maioria ricos — e funciona como um centro de formação de políticas públicas, estimula a adoção de reformas econômicas, mas se ocupa também com outras áreas. Entre essas estão três temas que o governo Bolsonaro tem fornecido excelentes avisos, não bons exemplos: educação, combate a corrupção e preservação do meio ambiente.
Para que o pedido do Brasil seja aceito, é preciso que os 36 países que integram a OCDE avaliem essa pretensão. Entre eles estão, por exemplo, a França, a Alemanha e a Noruega — países que criticaram recentemente o governo brasileiro por negligenciar a preservação da floresta amazônica. Bolsonaro tratou esses países com rara rispidez. É improvável que eles facilitem a vida do nosso governo na OCDE.
Em sua primeira manifestação após o apoio de Donald Trump, Bolsonaro soltou fogos. Ele se referiu ao ingresso na OCDE como uma “promoção à primeira divisa”. Isso é balela. A Grécia integra o grupo e isso não impediu que o país quebrasse.
O que pode elevar o patamar do Brasil é o trabalho. E único lugar que a celebração vem antes do trabalho é no dicionário.”
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