Ao elevar a concorrência, Nubank ajudou mais os negros que os movimentos negros estridentes

Cristina Junqueira, uma das fundadoras do banco digital, passou a semana tentando desfazer a polêmica sobre um trecho de uma entrevista que deu

  • Por Leandro Narloch
  • 22/10/2020 13h23
Divulgação/Nubank Imagem de uma mão segurando o cartão Nubank Fundadora do Nubank tem sido alvo de críticas após declaração durante entrevista

Cristina Junqueira, uma das fundadoras do Nubank, passou a semana tentando desfazer a polêmica sobre um trecho de sua entrevista da segunda-feira. Perguntada sobre a falta de negros entre os funcionários, ela respondeu o básico. Disse que tentam resolver a situação, que mantêm um programa para aumentar a diversidade, mas mesmo assim é difícil porque “não dá para também nivelarmos por baixo. Por isso queremos fazer investimento em formação”. Por causa desse simples trecho, parte do movimento negro brasileiro agiu como se estivesse diante de um membro da Ku Kux Klan. A ativista Maitê Lourenço disse no Twitter que Cristina Junqueira “não reconhece que existe uma dívida histórica com grupos minorizados”. Outra ativista afirmou que “a desculpa de que não se encontra ou não tem como suprir exigências com os candidatos negros é no mínimo reducionista”.

É preciso um belo grau de obsessão para ver algum problema na resposta de Cristina. É mais do que esperado que uma empresa de ponta tenha critérios rigorosos de contratação de profissionais. Aposto que nenhum ativista negro deixaria seu dinheiro com um banco que não tivesse esses critérios. Na busca por diversidade, um banco ou um hospital não podem baixar os requisitos de seleção de funcionários. Durante a entrevista, uma jornalista-ativista (hoje em dia é difícil diferenciar essas duas atividades) emendou outra pergunta: “mas isso não é uma barreira aos negros?” Como se fosse errado um banco determinar critérios e barreiras de contratação. 

Cara jornalista-ativista, deixa eu te contar: a vida não é fácil. Barreiras e concorrentes existem e sempre existirão. Pais de classe média passam boa parte da sua vida adulta trabalhando feito cavalos para que seus filhos tenham mais oportunidades que os filhos dos outros. Nunca vai existir algo como “igualdade de oportunidade”. Para conseguir um bom emprego, é preciso geralmente falar inglês. Sem inglês, sem bom emprego. Não é culpa da dona do banco o fato de a escola pública brasileira ser uma vergonha que não ensina direito sequer português aos alunos. A tarefa do Nubank é fornecer serviços bancários mais baratos que os da concorrência – e isso já é um feito e tanto. Ao aumentar a concorrência entre os bancos, o Nubank ajudou mais os negros que todos esses movimentos negros estridentes que só sabem criar termos que ninguém entende (do tipo “racismo algorítmico”). O movimento negro atira no próprio pé quando problematiza declarações inofensivas e bem-intencionadas. Cria um ressentimento com o cidadão médio, banaliza as acusações de racismo para quando de fato há situações graves de injúria racial. Impede a discussão franca e aberta sobre o que de fato trava a ascensão social dessa etnia. A parte sensata do movimento negro precisa reagir à intolerância infantil dos ativistas mais estridentes.

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