Constantino: Bolsonaro faz ‘morde e assopra’ com Congresso

  • Por Jovem Pan
  • 28/05/2019 07h29 - Atualizado em 28/05/2019 10h23
Fernando Frazão/Agência Brasil Presidente Jair Bolsonaro adota tom conciliador após protestos do último fim de semana

Após o relativo sucesso das manifestações a seu favor, Bolsonaro adotou um tom mais conciliador na entrevista que deu para a TV Record. Nela, o presidente disse que os parlamentares do centrão nunca o procuraram pedindo ministérios, que pretende conversar com os líderes dos demais poderes, e assumiu, ainda, culpa na articulação com o Legislativo. “Devemos conversar um pouco mais. A culpa é minha também”.

Pode ser apenas uma tática de morde e assopra, de bater e depois mandar flores, como se o Congresso fosse mulher de malandro. Mas pode ser também que o presidente tenha se dado conta de que precisa do Congresso, e que demonizar o “centrão” pode ser útil para mobilizar militância, mas não para governar de fato. Tomara que seja o segundo caso, para o bem do país.

Fernando Gabeira, uma voz sensata em meio a tanta balbúrdia, escreveu em sua coluna desta segunda sobre uma possibilidade de meio do caminho entre a corrupção e o autoritarismo ao lidar com o Congresso. Disse, também, que a pressão das ruas não garantem resultados: “É uma ilusão supor que os congressistas sempre se curvam à maioria. Foram eleitos também, e para muitos a opinião de seus próprios eleitores pesa mais do que a da maioria”. E alertou contra utopias românticas: “Nesse caminho do meio não há avanços vertiginosos. Quem os espera se decepciona. Sem ilusões sobre o Congresso. Não se trata de fazer um avião decolar. Na verdade, trata-se de pôr em marcha uma geringonça.”

Enfim, as pessoas foram às ruas defender o governo e sua agenda de reformas, o que é interessante por essa ótica de tornar algo como a reforma previdenciária uma bandeira pop. Isso pode dar força ao governo para negociar. Se o intuito for esse mesmo, sem gerar mais antagonismo com os parlamentares. Muitos, afinal, enxergaram nos protestos um fomento ao clima de guerra entre os poderes, o que não é saudável, mas que ala do próprio bolsonarismo estimula. Se Bolsonaro deixar um pouco de lado essa turma, ainda pode salvar as reformas e seu governo. Sem cair na tentação seja do mensalão, seja do autoritarismo centralizador de poder no Executivo. Não é boa receita bater de frente com o Congresso Nacional, como nossa história recente mostra…

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