Rodrigo Constantino: Bolsonaro vê valor estratégico em estatais, o que é equívoco

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 18/03/2019 07h20 - Atualizado em 18/03/2019 09h03
Tânia Rêgo/Agência Brasil Fachada da Petrobras escrito em prata em uma placa Petrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil poderiam ser passados à iniciativa privada

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse nesta sexta-feira que seu sonho como liberal seria ver o fim das empresas estatais no Brasil. No comando da maior estatal brasileira, ele disse que gostaria de ver a Petrobras “privatizada” e o BNDES, “extinto”. Mas reconheceu que “nem sempre se pode ter tudo”, ao citar uma música da banda britânica The Rolling Stones.

“Temos um programa agressivo de desinvestimentos. Nos primeiros quatro meses (do ano) realizamos US$ 10 bilhões com a venda de ativos e vamos fazer muito mais que isso. Em 12 meses, teremos de três a quatro vezes esse valor, mas isso vai depender da velocidade que consigamos imprimir. A posição da Petrobras, com 98% do refino, é um absurdo. Vamos vender e tirar qualquer tentação para exercício de monopólio. E, de saída, ter menos de 50%.”

Rubem Novaes, que comanda o Banco do Brasil, também pensa da mesma forma, e ambos estão alinhados com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que por sua vez convidou o empresário Salim Mattar para liderar o processo de desestatização. É um “dream team” liberal, paradoxalmente controlando estatais, só porque não há viabilidade política, por enquanto, para vendê-las. Mas a intenção do grupo de liberais é clara: tornar essas empresas mais enxutas, reduzir seu escopo, introduzir práticas de mercado.

E por que não é possível privatizar BB, Caixa e Petrobras?

Em primeiro lugar, porque se alega que a população brasileira não seria favorável a isso. Mas há controvérsias. Houve muita resistência organizada em todas as privatizações, mas duvido que o povo consumidor deseje a volta da Telebras, por exemplo. Em segundo lugar, o próprio presidente Bolsonaro não é um verdadeiro defensor desse caminho liberal. Com sua mentalidade militar, ele enxerga valor estratégico para essas empresas estatais, o que é um equívoco. Mas se não for nessa administração, a despeito da fantástica equipe liberal, então algum outro governo, efetivamente liberal, levará adiante essa agenda.

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