Rodrigo Constantino: Investidores querem ações concretas e não palavras

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 23/01/2019 08h58
EFE Fórum Econômico Mundial, Davos Não foi um discurso brilhante de Bolsonaro, mas tampouco “mitador” como gostariam os “templários”. Nesse sentido, boa notícia

O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso breve, genérico e sóbrio em Davos, deixando de fora pautas mais polêmicas como o globalismo. Falou muitas platitudes, reforçou a guinada antiesquerdismo, e tocou na importância da equipe preparada e a agenda de reformas.

Não foi um discurso brilhante, mas tampouco “mitador” como gostariam os “templários”. Nesse sentido, boa notícia.

No trecho mais relevante sobre a economia, o presidente disse: “Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas. O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo. Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios”.

São metas corretas, mas tudo muito vago. Vale lembrar que até Lula falou relativamente bonito em Davos. Investidores se decepcionaram com a falta de propostas mais concretas e objetivas.

Mesmo na parte das perguntas, Bolsonaro foi econômico nas palavras. Também não chegou a entrar em grandes detalhes, mas reforçou a agenda de reformas liberais, em que o peso do Estado será tirado das costas de quem produz.

Seu governo, disse, pretende reduzir o tamanho do Estado e investir em educação, além de comercializar com o mundo todo. Nesse sentido, o novo governo representa um ponto de inflexão, onde questões ideológicas ficarão de fora.

Que o governo Bolsonaro representa mesmo um ponto de inflexão em vários aspectos é um fato inegável. O ranço socialista já era, é coisa do passado, ficou preso com Lula em Curitiba (apesar de ainda abundar nas escolas, universidades e imprensa). Mas resta saber como o fator ideológico da “direita alternativa”, um tanto reacionária, vai impactar a tomada de decisões não só na geopolítica, mas também internamente.

E o principal: como será a execução da agenda de reformas, especialmente no Congresso. É isso que os investidores querem saber: ações concretas, não palavras. É isso que importa.

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