Rodrigo Constantino: Liberais da equipe econômica trabalham duro, mas há sabotagens de todo lado

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 18/01/2019 07h06 - Atualizado em 18/01/2019 07h39
Fernando Frazão/Agência Brasil Mesmo os que dão importância às questões dos costumes precisam entender que Paulo Guedes, hoje, é o homem mais crucial do novo governo

A pauta prioritária do novo governo é a reforma previdenciária em particular e a retomada econômica em geral. Mesmo os que se enxergam como templários numa cruzada moral para salvar o Ocidente do marxismo cultural precisam entender isso. Bolsonaro não teve quase 58 milhões de votos porque leram Olavo de Carvalho, porque temem o Foro de SP, porque desejam resgatar a civilização judaico-cristã.

Aspectos morais pesaram sim, mas de forma bem mais simples: a corrupção do PT criou demanda por mais ética, e a imagem de honesto do ex-capitão o ajudou bastante. Mas o povo não está realmente comprometido com essa agenda, ao menos não a ponto de ignorar questões mais comezinhas, como o emprego e a segurança. Sem a retomada econômica, portanto, o apoio de boa parte da população poderá se reverter rapidamente.

Tenho repetido isso: mesmo os que dão importância às questões dos costumes precisam entender que Paulo Guedes, hoje, é o homem mais crucial do novo governo. As falas retóricas de Ernesto Araújo, que pelo visto já se empolgou com o petismo no passado, podem produzir suspiros de emoção nas redes sociais, mas exportar para a China continua sendo mais relevante. Infelizmente tem muita gente do núcleo duro do governo mais preocupada com “mitada” em rede social do que com resultado efetivo e duradouro do governo.

Digo isso por conta de novas polêmicas internas da direita, por conta de uma viagem de parlamentares do PSL a China. Sim, pegou mal. Mas a reação de certas pessoas pareceu exagerada, envolvendo assassinato de reputação. Que tem gente deslumbrada com o poder ali é algo evidente. Mas o que mais espanta é a falta de senso de urgência e prioridade.

Enquanto a turma brigava, a Folha estampava essa manchete: A Folha diz que Jair Bolsonaro enfrenta um “lobby da caserna” contra a reforma da Previdência. O grupo egresso das Forças Armadas, segundo o jornal, trava uma forma de ficar de fora da proposta que deve ser apresentada em fevereiro ao Congresso Nacional. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi escalado pelos militares para negociar o assunto.

Os liberais da equipe econômica estão trabalhando duro, nos bastidores, para aprovar reformas estruturais e permitir o avanço da nossa economia. Mas há sabotagem de todo lado, de dentro do governo mesmo, das alas política e militar. Tem gente que acha mesmo que o sucesso do governo Bolsonaro depende mais de uma aproximação ideológica com a turma de Steve Bannon, o malucão que nem Trump aguentou manter em seu governo, do que da aprovação das reformas estruturais?

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