Rodrigo Constantino: Nos EUA, Bolsonaro nem envergonha e nem é orgulho do Brasil

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 21/03/2019 09h02
Alan Santos/PR Tanto Trump como Bolsonaro podem ser bons presidentes, muito melhor do que as respectivas alternativas, sem dúvida, mas não devem ser cultuados, tornando-se “mitos”

A viagem oficial do presidente brasileiro aos Estados Unidos ainda repercute nas redes sociais e na imprensa. É curioso ver a reação dividida da plateia, porém. Uns acharam que foi 100% sucesso, outros juraram que foi 100% fracasso.

Como lembrou Alexandre Borges, Scott Adams chama isso de “uma tela, dois filmes”. As pessoas olham a mesma tela e vêem filmes totalmente diferentes. “É a politização de tudo que sempre termina em caos”, concluiu Borges.

As hashtags #BolsonaroVergonhadoBrasil e #BolsonaroOrgulhodoBrasil foram para o topo dos trendings. Bolsonaro nem envergonha, nem é orgulho do Brasil aqui nos Estados Unidos. É um presidente legítimo que diz algumas coisas boas e outras ruins. Mas vai explicar o óbvio para quem tem mentalidade tribal binária de torcedor fanático, contra ou a favor…

A política infelizmente tem se transformado nisso: uma guerra de tribos, de tudo ou nada. E isso inviabiliza uma análise imparcial, isenta, independente. A visita do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos foi, de forma geral, muito positiva. Não só por ser a primeira viagem oficial, após poucos meses de governo e com uma cirurgia no meio, como pelo tom amigável entre os dois líderes, estreitando um relacionamento que já deveria ser maior faz tempo. O antiamericanismo presente em nossa academia e imprensa sempre jogou contra os verdadeiros interesses nacionais.

Houve conquistas, como a sinalização de apoio de Trump para que o Brasil entre no seleto grupo da OCDE. Mas há, também, uma celebração talvez exagerada por parte dos bolsonaristas, que já cantam vitórias antes mesmo de medidas concretas.

Trump e Bolsonaro venceram com discursos inflamados contra a mídia e a política tradicional, e precisam de inimigos o tempo todo, para mobilizar essa militância mais engajada. O problema é que no final do dia só os resultados vão importar, ao menos para os independentes.

Em suma, tanto Trump como Bolsonaro podem ser bons presidentes, muito melhor do que as respectivas alternativas, sem dúvida, mas não devem ser cultuados, tornando-se “mitos”, pois uma característica fundamental do conservadorismo é o ceticismo com a política e o governo – qualquer governo. Ainda falta muito para que os dois sejam mesmo considerados estadistas. Discursos são fáceis; queremos ver resultados!

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