Vacinar é pensar em si e na coletividade

Brasil deve chegar ao final deste ano com boa parte da população imunizada e, assim, poderemos voltar a sonhar com algo mais aberto a todos

  • Por Sergio Cimerman
  • 06/08/2021 15h29
FERNANDO SILVA /FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Profissional da saúde aplica vacina em pessoa Vacinação avança pelo Brasil e pelo mundo; internações hospitalares e óbitos por Covid-19 diminuem

A Covid-19 se mantém na crista da onda. Fatos novos a cada dia no mundo todo. Agora é a vez da variante Delta, a indiana, que tem se mostrado bastante transmissível, porém com menor poder de mortalidade – o que já ajuda muito. As vacinas por aqui, em território nacional, vão avançando agora em passos largos e, só assim, vamos diminuir o número de internações hospitalares e de óbitos. Já observamos no Estado de São Paulo esta constatação. Leitos de UTI abaixo dos 60% de ocupação, que nos leva a refletir realmente que as vacinas são impactantes na vida das pessoas. Vejamos: Estados Unidos e diversos países europeus mostram declínio nas curvas de internação e óbitos em todos os sentidos. E isso ocorre mesmo com os Estados Unidos tendo ao redor de 50% da população vacinada (seja com as duas doses ou a dose única da Janssen), evidenciando claramente o impacto na vida das pessoas. Mas, claro, que precisam aumentar a vacinação, até mesmo porque dispõem em quantidade e sem restrições. E, neste momento, mesmo com a queda nas curvas, o retorno de máscaras foi preconizado devido à nova variante.

Aqui no Brasil a presença da Delta ainda não ultrapassou os 20% – a variante Gama (P1-Manaus) ainda é a predominante em todos os Estados. Devemos chegar ao final deste ano com boa parte da população imunizada e, assim, poderemos voltar a sonhar com algo mais aberto a todos. Com o avanço da Delta, foi aventada a possibilidade de encurtar o tempo de intervalo da Pfizer e da AstraZeneca – o que poderá ser autorizado após a vacinação completa de toda a população adulta. Essa medida surgiu por causa da publicação de um artigo científico em uma revista médica de alto prestígio, que mostra que, com duas doses, a variante Delta tem melhor e substancial resposta quando comparada a apenas uma dose. Com o atual modelo, conseguimos vacinar mais pessoas em menor tempo, o que já resulta num efeito protetor considerável. Devemos insistir diariamente que todos façam uso das duas doses e, aqueles que ainda não o fizeram por qualquer motivo que regressem às unidades de aplicação com urgência. Vacinar é pensar em si e na coletividade. Uma das últimas novidades foi o retorno da imunização de gestantes que tinha sido paralisada por efeitos adversos das vacinas de vetor viral. Após análise criteriosa e embasada em ciência, o Ministério da Saúde soltou nota técnica mencionando o retorno com Pfizer ou CoronaVac para as mulheres que ainda não tomaram nenhum dos imunizantes. Contudo, as grávidas que fizeram uso de uma dose de AstraZeneca obrigatoriamente terão de ser imunizadas com a segunda dose de Pfizer ou CoronaVac. Assim, esse grupo populacional de risco terá minimizado os efeitos deletérios da Covid-19. 

Estamos caminhando, e vejo com bons olhos, para o retorno às aulas letivas de modo presencial. Nossas crianças devem regressar, porém com protocolos rígidos porque não estão vacinadas. O dano psicológico tem sido marcante em todas as crianças: angústia, solidão, rebeldia, estresse, dentre vários outros sinais e sintomas. Com o retorno, a autoestima vai voltar e conviver em sociedade irá ajudar na eliminação desses problemas psicológicos. Algumas pessoas ainda são contrárias à medida, mas defendo o retorno. Sabemos que as vacinas não são esterilizantes: mesmo vacinado, um indivíduo pode transmitir a Covid-19, mas, se estiver em uso de máscara adequada, manter o distanciamento social e higienizar as mãos, a chance de transmissão da doença será muito menor. Precisamos continuar fazendo a nossa parte. Salve as vacinas. Salve as vidas.

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