Prisão de Geddel ameaça fechar cerco sobre grupo político de Temer

  • Por Jovem Pan
  • 04/07/2017 11h54 - Atualizado em 04/07/2017 13h51
Brasília - O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e o presidente interino Michel Temer durante reunião com líderes da Câmara e do Senado, no Palácio do Planalto. (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil A prisão de Geddel ajuda a construir a narrativa de que o grupo peemedebista formava uma organização criminosa

A prisão de Geddel Vieira Lima cai como uma bomba no Palácio do Planalto. São vários os homens da estrita confiança do presidente Michel Temer que foram presos nos últimos meses: Eduardo Cunha, Tadeu Filippelli, Henrique Eduardo Alves, Rodrigo Rocha Loures e, agora, Geddel Vieira Lima.

Todos são muito próximos a Temer desde que o presidente era deputado. O grupo ajudou Michel a alçar a presidência do PMDB. Depois, colaboraram para que Temer fosse escolhido para a vice-presidência de Dilma Rousseff em 2010 e articularam para que ele permanecesse na chapa em 2014. O apoio perdurou no impeachment de Dilma.

Essa proximidade ajuda a contar a narrativa sobre como operava o grupo político de Temer. Geddel é acusado de favorecer empréstimos da Caixa Econômica Federal a determinadas empresas mediante o pagamento de propina. Os relatos indicam que a propina não era só para ele, mas para o grupo político

Assim, o cerco se fecha para o governo e dificulta a articulação política em um momento crucial: Temer tenta barrar a denúncia por corrupção passiva na Câmara. A prisão de Geddel ajuda a construir a narrativa de que o grupo peemedebista formava uma organização criminosa.

Abre-se a possibilidade de que as investigações também atinjam outros dois nomes do círculo mais íntimo de Temer, acolhidos pelo foro privilegiado: os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). Entrincheirados no Palácio e já investigados no Supremo, a partir da delação da Odebrecht, Moreira e Padilha poderiam ser alvo de novas investidas judiciais que fragilizariam um presidente já bastante instável.

Assista à análise da colunista Vera Magalhães:

Operações se misturam

As pontas vão se unindo no novelo que enreda o presidente.

A investigação da operação Cui Bono, pela qual Geddel foi preso, mira crimes cometidos no momento em que o ex-ministro era vice-presidente da Caixa no governo Dilma Rousseff.

Mas a prisão veio por conta de relatos da delação da JBS, com evidências de obstrução à justiça. Geddel teria mandado mensagens à mulher de Lúcio Bolonha Funaro perguntando sobre o estado de ânimo do marido e sua intenção de delatar.

Há relatos de que Geddel teria entrado em contato também com o ex-presidente da Câmara preso em Curitiba, Eduardo Cunha.

Na clássica conversa entre Temer e Joesley Batista, Geddel é bastante citado como um intermediador.

Queda de braço

Vera Magalhães também comentou a “queda de braço” entre instâncias judiciais responsáveis pela Lava Jato. Decisões conflitantes a respeito de habeas corpus, prisão de réu condenado em primeira instância, entre outros, criam dificuldades para se firmar um critério ou rito único. Diz-se que a prisão de Geddel pelo juiz Vallisney, de Brasília, seria um recado para dar validade aos termos da delação da JBS.

Veja:

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