Vera Magalhães: Proposta para militares ataca discurso de que reforma combateria desigualdades

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2019 08h05
Carolina Antunes/PR A meu ver, Governo deveria fazer a reestruturação das carreiras das Forças Armadas após a aprovação da reforma previdenciária como um todo, pois pode atrapalhar a aprovação

O Governo finalmente entregou à Câmara o projeto de reforma da Previdência dos militares. Entretanto, isso atrapalha o andamento do projeto geral, porque o que o Governo enviou foi um projeto amplo de reestruturação das carreiras das Forças Armadas, no qual a proteção social dos militares é só uma fração pequena de projeto grande.

Isso é algo que não houve com a reforma da Previdência dos civis.

A diretriz do Governo é de fazer com que não haja reajuste do funcionalismo sob risco de colocar a perder o esforço fiscal, e é isso que a proposta para os militares faz.

A proposta de reforma da Previdência previa R$ 92,3 bilhões em economia em dez anos. Agora, a proposta junta no mesmo balaio R$ 97,3 bilhões, mas coloca na ponta R$ 86 bilhões de gastos. O que sobra é um saldo de pouco mais de R$ 10 bilhões, que reduz para 1% de todo o esforço da reforma a receita líquida que vai se obter com os militares.

Isso ataca o discurso da reforma da Previdência de que combateria desigualdades.

Se olharmos o déficit proporcional da Previdência, o dos militares é o maior. R$ 99 mil por beneficiário é o déficit da previdência militar contra R$ 3 mil do INSS.

A proposta de militares é uma resposta ao discurso das Forças Armadas e, a meu ver, Governo deveria fazer a reestruturação das carreiras das Forças Armadas após a aprovação da reforma previdenciária como um todo, pois pode atrapalhar a aprovação.

Clima no Congresso

Calhou ainda de o projeto chegar à Câmara em momento ruim para o Governo. O presidente da Casa, Rodrigo Maia, tem mostrado descontentamento com a forma que vem sendo tratado por integrantes do Governo.

O seu último entrevero ocorreu com o ministro Sergio Moro ao dizer que ele copiou e colou o projeto anticrime que foi enviado ao Congresso.

Maia está irritado. Ele fez reunião no sábado (09) com Jair Bolsonaro e a ministra Tereza Cristina. Ele alertou o presidente da República para montar sua base na Casa. Após o fato, Bolsonaro disse que estava sendo pressionado pela velha política.

Esse tipo de amadorismo na condução da política vai dificultando o caminho da reforma da Previdência.

Confira o comentário completo de Vera Magalhães:

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