Vera: Moro ‘enfraquecido’ interessa a plano reeleitoral de Bolsonaro

  • Por Vera Magalhães/Jovem Pan
  • 09/08/2019 08h37
Flickr Planalto Moro, deixando de ser juiz, imediatamente se tornou um potencial candidato à presidência da República

Bolsonaro acha que Sergio Moro é muito independente, age muito por conta própria, busca os holofotes das suas ações para si, não divide suas decisões – e nem os louros – com o governo e, portanto, com o próprio Jair Bolsonaro. Isso já demonstra algo que vai ser um problema e que a gente apontava desde o dia 1, que é o fato de que Moro, deixando de ser juiz, imediatamente se tornou um potencial candidato à presidência da República.

Em 2022, a permanência do seu nome na bolsa de apostas de candidatos, o torna um competidor do próprio chefe, Bolsonaro. Com o episódio da Vaza Jato, o presidente viu a a chance de tirar um pouco da vitamina e combustível eleitoral do próprio auxiliar e não deixou de aproveitar essa oportunidade. Bolsonaro tem admitido que será candidato em 2022, portanto um Moro enfraquecido interessa a esse plano reeleitoral de Bolsonaro.

Da mesma maneira, a promessa de que ele iria ao Supremo na primeira vaga, já parece coisa do passado. Tanto porque o presidente deliberadamente vazou antes que havia a promessa, o que ajudou a queimar Moro, e também porque os ministros do STF não estão nem um pouco confortáveis com essa possibilidade de ele ir para lá, não é nada popular depois do que foi revelado em relação a essas conversas entre ele e os procuradores da Lava Jato. Então Bolsonaro, ao mesmo tempo, esvaziou a promessa da vaga no Supremo e começa a desidratar Moro como um candidato forte para 2022.

Agora, quem é mais forte?

Há pesquisas que mostram que sim, que o ministro da Justiça ainda é mais popular que o presidente. Moro Agora eu pergunto, ela vai medir forças com o chefe? Vai deixar o governo e partir para um projeto solo político para 2022? Que trate de restabelecer a popularidade quase plena que ele já teve no Brasil? Não vejo Moro essa coragem e nem disposição de comprar essa briga agora. O vejo cada vez mais prestando tributo ao bolsonarismo e ficando refém, com isso, de Jair Bolsonaro.

Ontem mesmo ele representou contra o representante da OAB por uma crítica de duas semanas passadas. Enquanto isso, ele ficará sujeito ao morde assopra e a todas essas táticas de fritura do bolsonarismo que já vimos acontecer com outros ministros.

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