Histerismo após ataques de Paris estimula bravatas entre pré-candidatos nos EUA

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 19/11/2015 12h13

Os postulantes republicanos Jeb Bush e Ted Cruz

Montagem com Gage Skidmore/ Flickr Jeb Bush e Ted Cruz

Estados Unidos, terra dos imigrantes, farol da liberdade, santuário generoso para os que sonham com oportunidades. Os clichês não valem para os refugiados sírios que também são vítimas do terror e no entanto são tratados com suspeita em tantas partes porque os terroristas se infiltram entre eles. Compreensível o nervosismo sobre segurança, mas é inseguro quando o nervosismo se torna histerismo.

Nestas horas, o terror vence. O objetivo dos terroristas é semear terror. Nestes termos, as atrocidades praticadas em Paris na semana passada estão surtindo efeito nos dois lados do Atlântico. Desde sexta-feira, mais da metade dos 50 estados americanos, em imensa maioria governados por republicanos, disseram que não vão aceitar refugiados sírios, alegando segurança pública.

Em termos legais, nem podem fazer isso, pois imigração é jurisdição federal. Os líderes republicanos que controlam as duas casas do Congresso dizem que no mínimo deve haver uma pausa para a aceitação de refugiados nos Estados Unidos.

No festival de bravatas, candidatos presidenciais republicanos disputam o troféu de intolerância e demagogia. Ted Cruz, um ultraconservador, e Jeb Bush, da ala supostamente razoável, disseram que os Estados Unidos deveriam aceitar apenas refugiados cristãos e não muçulmanos. Desde quando existe este critério religioso num pais em que não há divisão entre Estado e Igreja?

O governador de Nova Jersey, Chris Christie, entre os últimos na corrida dos candidatos presidenciais, não quis ficar atrás na disputa demagógica. Afirmou que negaria acesso inclusive a um órfão de três anos. O presidente Obama ridicularizou as bravatas dizendo que os republicanos estão com medo de órfãos e viúvas. E Obama está correto ao observar que a rejeição dos refugiados sírios é contraproducente, baseada em histerismo e reflete exagero dos riscos.

Estas bravatas e poses políticas não vão melhorar a segurança americana. Se o objetivo é derrotar o terrorismo, não adianta alimentar os temores e preconceitos da população. Culpar os refugiados é miopia. Afinal, eles estão fugindo do terror do Estado Islâmico e das bombas da Força Aérea do ditador sírio Bashar Assad.

A triagem nos Estados Unidos já é lenta e rigorosa. Até agora foram aceitos pouco mais de dois mil sírios. E o governo Obama disse que somente serão aceitos 10 mil refugiados no ano que vem, uma parcela módica dos aceitos na Suécia.

Entre os terroristas em Paris na semana passada, havia cidadãos franceses e belgas. Qual é o plano de Texas, Flórida e de outros estados americanos? Barrar a entrada de turistas com passaportes franceses e belgas?

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.