Nunca um partido foi tão derrotado como o PT em São Paulo

  • Por Jovem Pan
  • 07/10/2014 12h15

Reinaldo, algum grande partido já sofreu em algum estado derrota semelhante à que o PT sofreu em São Paulo?

Nunca. Vamos reescrever Caetano Veloso para deixá-lo irritadinho. São Paulo vê e não vê quem desce ou sobe a rampa, aquela lá, do Planalto Central do Brasil. Como não depende muito da boa vontade de estranhos, não cede com facilidade à chantagem. Não é bolinho, não. O Estado tem 645 municípios: o governador Geraldo Alckmin venceu a disputa para o governo em, atenção, 644. Só Hortolândia ficou de fora. Mas por muito pouco: 35.809 votos para Alexandre Padilha contra 32.354 para o tucano. Hortolândia é uma das 67 cidades administradas no Estado pelo PT. Alckmin ganhou em 66.

Mas não foi só isso. O presidenciável tucano Aécio Neves venceu a petista Dilma Rousseff em 565 dos 645 municípios ― um total de 88%. Isso significa que tanto o presidenciável como o governador bateram o partido na cidade de Guarulhos, administrada pelo PT há 14 anos; na mitológica São Bernardo de Lula, que está na segunda gestão petista, de Luiz Marinho, o coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, e na Osasco do presidente do PT paulista, Emídio de Souza.

Na Folha de S.Paulo, leio a seguinte explicação dada João Paulo Rillo, líder do PT na Assembleia: “Não temos conseguido fazer o debate com o eleitor paulista sobre os avanços dos governos do PT. O antipetismo se relevou muito forte”. Mas espere aí: esse antipetismo, então, deve ter um motivo, não é mesmo?

Acho impressionante que os petistas tenham tentando, no Estado, faturar com a crise da água, faturar com a crise dos transportes, faturar com a greve do metrô ― ocorrências, enfim, que criam dificuldades para a vida dos paulistas ― e achem estranho que a população tenha rejeitado a sua abordagem.

Mais: indivíduos ― e estamos falando da larga maioria ― que não dependem da boa vontade do poder público para garantir o próprio sustento e que não estão oprimidos pela pobreza ou pela miséria tendem a rejeitar essa espécie de tutoria que o partido busca exercer sobre suas vidas.

E, de resto, há a experiência propriamente com o jeito petista de fazer as coisas. O partido acreditar que o morador da cidade de São Paulo caminha para aplaudir a gestão de Fernando Haddad, o maníaco da bicicleta, chega a ser um sinal de alienação da realidade.

Não é que São Paulo seja congenitamente antipetista, senhor Rillo. É que o petismo acaba sendo congenitamente antipaulista porque gosta de exercer a tutela sobre os cidadãos. E o lema do brasão da cidade de São Paulo expressa não só o espírito paulistano, mas também o paulista: “Non ducor, duco”. Não sou conduzido, conduzo.

Se o PT não entender isso, na próxima eleição, não vai perder por 644 a 1, mas por 645 a zero.

 

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