Quando o autoritarismo, a arrogância e a incultura política são temperados pela burrice

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 06/10/2015 09h03
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BRA305.BRASILIA,22/05/2014- La mandataria brasileña, Dilma Rousseff, se reúne con el jeque Mohammed Bin Rashid Al Maktoum (fuera de cuadro), primer ministro y vicepresidente de los Emiratos Árabes Unidos hoy, martes 22 de abril de 2014, durante su encuentro en el Palacio del Planalto en Brasilia (Brasil). Mohammed Bin Rashidy realiza una visita oficial al país cuyo objetivo es el de fortalecer la relación bilateral y tratar temas de cooperación. EFE/FERNANDO BIZERRA JR. EFE/FERNANDO BIZERRA JR. Presidente Dilma Rousseff

Sim, eu sei que eles são autoritários. Mas o autoritarismo só sobrevive quando, a seu modo, é eficiente.

Sim, eu sei que eles são arrogantes. Mas, de novo, a lei da natureza, mesmo a da natureza da sociedade, impõe que a arrogância sobreviva porque, a seu modo, eficaz.

Sim, eu sei que eles são politicamente incultos. Mas essa incultura tem de se mostrar produtiva, ao menos num prazo curto e médio, para que continue a dar as cartas.

Pois é… O autoritarismo, a arrogância e a incultura no governo Dilma não estão dando em nada. Ao contrário: os desastres vão se multiplicando. Ainda assim, eles insistem. Ainda assim, eles reiteram. Ainda assim, ele repetem exaustivamente as mesmas tolices.

Já escrevi aqui a respeito, mas a minha inquietação não cessa. Quem foi o gênio que convenceu a presidente Dilma de que era o caso de arguir a suspeição de Augusto Nardes, relator no TCU das contas do governo relativas a 2014? Quem sugeriu esse caminho imaginava o que depois do fígado, da bile? Qual era o passo seguinte ao ódio? Que objetivo tinha o governo além de ganhar tempo?

A incompetência do governo chega a ser assombrosa. E olhem que a presidente já estava sob os auspícios dos novos coordenadores políticos, a saber: Jaques Wagner e Ricardo Berzoini. Teriam sido eles a convencer a governanta sobre a conveniência de acusar a suspeição de Nardes? Ou também essa foi uma boa ideia que lhe foi cochichada por Aloizio Mercadante?

Ora, vai acontecer o óbvio — é um jogo de perde-perde. É evidente que a corregedoria do TCU dirá “não” ao Planalto. O caminho seguinte é apelar ao STF. Digamos que houvesse uma vereda para a interferência da corte suprema — não vejo como. Um outro relator na casa se obrigaria a repetir o relatório do seu confrade — de resto, o próprio Luís Inácio Adams afirmou que, do ponto de vista técnico, não tem reparos a fazer.

Então pra quê?

Esse é um governo que quer durar? Que pretende ficar mais três anos e três meses no poder, contra as evidências da Lei 1.079, contra a vontade quase 70% da população (66%, segundo as pesquisas mais recentes), contra a sua própria história?

Um mínimo de prudência recomendaria que não se mexesse com o TCU, que se deixasse que o relatório negativo do tribunal fosse para o Congresso e que, no Legislativo, sim, o Planalto procurasse ganhar adesões.

Por que diabos uma gestão quase moribunda compra uma briga como essa, que não tem como ser vencida?

Tenho uma hipótese: quando ao autoritarismo, à arrogância e à incultura se junta a burrice, aí já não há mais nada que possa ser feito.

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