Contaminação do Rio Doce pode se estender por muitos anos

  • Por Jovem Pan
  • 25/01/2016 07h45
Colatina (ES) - Autoridades monitoram a lama vinda das barragens da Samarco com rejeitos de mineração que segue ao longo do leito do Rio Doce em direção à sua foz (Fred Loureiro/Secom ES) Fred Loureiro /Secom ES Rio Doce com Lama

 Sem um plano de recuperação, a contaminação do Rio Doce pode se estender por muitos anos, após o acidente na barragem de Mariana. Essa conclusão faz parte de um relatório da Fundação SOS Mata Atlântica, obtido com exclusividade pela Rádio Jovem Pan.

A água do Rio foi coletada em 18 pontos e, em somente dois, o índice de qualidade foi considerado regular. Em todos os outros a avaliação foi péssima. Entre os metais pesados encontrados acima dos níveis permitidos estão magnésio, chumbo, cobre, alumínio, ferro e manganês.

Os níveis de turbidez da água ficaram entre 5.150 e 1.220 UTNs, a unidade de valor usada para fazer a medição, sendo que o máximo aceitável é de 40 UTNs.

A coordenadora da rede de águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, diz a Anderson Costa que a chuva contribui para o aumento da contaminação do rio: “Cada vez que chove, ao contrário do que foi dito, divulgado por algumas autoridades e pela própria empresa, não vai haver uma diluição, uma dispersão desses minérios. Eles não estão segmentando e, quanto mais chuva, mais lama é depositada”. Malu Ribeiro acrescenta que em todo o percurso de 650 km do Rio Doce há contaminação, desde o local do acidente até o litoral capixaba.

O prefeito de Colatina e presidente do Comitê da Bacia do Rio Doce, Leonardo Deptulski, afirma que não há como saber o tempo que a lama vai ficar suspensa: “Tem uma característica que uma parte dessas partículas são muito pequenas, não decantam, ficam suspensas na água. Então dá a impressão que a água continua com o mesmo grau de quantidade de partículas, de turbidez”.

O governo negocia um acordo com a mineradora Samarco para revitalizar o Rio Doce, com 19 medidas socioeconômicas e 19 socioambientais. Em entrevista ao repórter Danillo Oliveira, o prefeito de Mariana, Duarte Junior, defende a inclusão do saneamento de esgoto pela empresa nas medidas: “Esperamos que a Samarco assuma isso, porque o fundo de R$ 1 bilhão que foi determinado pelo Ministério Público vai ser direcionado para medidas compensatórias. A gente quer muito tratar a nossa rede de esgoto, porque a gente polui o nosso Ribeirão do Carmo, jogando a nossa rede de esgoto no rio. Seria um bem ao nosso meio ambiente, então estamos trabalhando dessa forma”.

Em Minas Gerais, o mar de lama também poluiu, além do Rio Doce, os rios do Carmo e Gualaxo do Sul, na região de Mariana. Para a recuperação da bacia, também está em discussão a criação de um fundo de R$ 20 bilhões.

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