‘É possível fazer campanha sem dinheiro público’, diz deputada do Novo após devolução do fundão

Segundo Adriana Ventura, ato simbólico do partido em devolver R$ 87 milhões aos cofres públicos mostra que o financiamento privado é uma alternativa viável

  • Por Jovem Pan
  • 02/06/2022 10h36
Billy Boss/Câmara dos Deputados Adriana Ventura Deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP)

O Partido Novo realizou um evento simbólico em Brasília para devolver cerca de R$ 87 milhões do fundão eleitoral devidos à legenda por lei para os cofres públicos. Para comentar o assunto, a deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP) concedeu uma entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta quinta-feira, 2. “O que [esse evento] significa é que quem quer devolver, devolve [o recurso do fundão eleitoral]. É uma escolha. E quando a gente elege prioridades, quando o país tem prioridades, a gente pode fazer. O ato de ontem foi simbólico. Fomos lá, devolvemos os R$ 87 milhões e mostramos que é possível, sim, fazer campanha sem dinheiro público”, comentou. Ela ainda afirmou que o fundão, no atual modelo, representa o financiamento de todos os partidos por todos os contribuintes, independente da escolha individual de cada pessoa.

“Quando a gente está falando em financiamento privado vem de novo aquela lembrança de Lava Jato, aquelas corrupções, mas eu acho que isso é uma falácia, porque não é a questão de ser público ou privada que determina se vai ter corrupção ou não. Nós temos, mesmo hoje, empresas que financiam candidatos com Caixa 2. Nós defendemos o financiamento privado. A questão entre o público e o privado é aumentar os mecanismos de controle, de prestação de contas, a gente sabe que isso não é muito bem feito hoje. Nós defendemos o financiamento privado porque a gente acha que é um escárnio, um absurdo, pegar o dinheiro do orçamento, que é único, tirar dinheiro de áreas essenciais, a gente viu por exemplo o corte de R4 3 bi na educação, todo mundo acha um absurdo. Todo mundo fica indignado, mas a indignação maior deveria ser por obrigar o cidadão, que é uma afronta à liberdade, qualquer cidadão, a financiar campanhas políticas, inclusive a de partidos que não apoia. Todo cidadão apoia financiamento do PT, gostando ou não do PT. Isso é um absurdo. Essa equação tem que ser feita por financiamento privado, porque daí cada um tem que apoiar o candidato ou o partido que escolhe. Isso é uma escolha”, disse a parlamentar.

A deputada ainda explicou a diferença entre fundo eleitoral e fundo partidário. Segundo ela, o recurso para as eleições pode ser devolvido aos cofres públicos com mais facilidade, enquanto o fundo partidário, se devolvido, seria redistribuído para outros partidos. Questionada sobre porque o Novo não utiliza o recurso para eleger mais parlamentares e poder lutar pelo que defende com mais força, Adriana explicou que a legenda não acredita que “os fins justificam os meios”. “A gente estaria traindo um princípio que atraiu tanta gente para o Novo. Isso tem um preço alto. Não é fácil. Mas a gente se mantém firme. Eu não acho que seja demagogia. A gente não dá jeitinho. A gente vai lá, rala, pede dinheiro, pede doação de pessoa física, privada, e faz a campanha. Com o estilingue a gente vai para a batalha”, finalizou.

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