Ex-STF, Ayres Britto vê infantilização em debate político brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 24/03/2016 09h40
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Carlos Ayres Britto quando era presidente do STF em 2012 e votou a favor da reserva de vagas para negros nas universidades

 O ex-presidente do STF, Carlos Ayres Britto, falou à Jovem Pan que o debate político no Brasil ocorre de forma infantil e que as pessoas estão cegas em seu próprio posicionamento. Britto também pede respeito às decisões da Corte: “Está havendo uma infantilização do debate. Quando a gente cega os olhos na própria razão, deixa de enxergar até o óbvio ululante, e o óbvio aqui é se o judiciário decidiu está, decidido”. Britto alega que é possível discutir as decisões do Supremo, mas de uma forma crítica e respeitosa.

Britto acredita que apesar do acirramento entre posições no debate, ninguém aponta um caminho construtivo: “Devíamos ter um espírito de propositividade. Se nos afastarmos do judiciário como instância de resolução de conflitos quem vai fazer? Que instâncias fariam esse papel? São instâncias ditatoriais e Deus nos livre e guarde dessa possibilidade. (…) A saída é pelo direito, não é do direito”.

Sobre o processo de impeachment, o ex-ministro reafirma sua legalidade e aponta que cabe ao presidente legitimar seu mandato: “Um governante se legitima em dois momentos, um no plano da investidura, pela voz das urnas, e o segundo que é uma prossecução do primeiro, que dura por todo o mandato. (…) É preciso que o presidente da república se legitime pelo exercício o tempo inteiro, por todo o mandato. Essa é a razão de termos regras constitucionais que podem forçar a desinvestidura do cargo. O impeachment é uma das essas forças”.

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