Concessões enfraquecem argumento pró-reforma da Previdência, diz professor

  • Por Jovem Pan
  • 30/01/2018 16h15 - Atualizado em 30/01/2018 16h17
Agência Brasil/Arquivo Agência Brasil/Arquivo Economista citou frase de George Orwell em A Revolução dos Bichos: “Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros.” 

Luis Eduardo Afonso, economista e professor da Faculdade de Economia e Administração, avaliou em entrevista ao Jornal Jovem Pan as tratativas do governo para tentar aprovar a reforma da Previdência.

Ele pontua que “o problema do Brasil é em grande parte devido à situação fiscal do setor público” e nota que boa parte do rombo se deve ao déficit na Previdência.

“Nós não conseguiremos resolver adequadamente a questão fiscal no Brasil sem ter um equacionamento da questão previdenciária”, ponderou, reforçando o discurso do governo.

Afonso alerta, no entanto, que “tem que ser pensado com muito cuidado que tipo de concessões serão feitas” nas negociações dos termos das mudanças nas regras da aposentadoria.

“Foram feitas algumas concessões que me parecem justificáveis moralmente em termos econômicos, por exemplo, o BPC, benefício assistencial, e a aposentadoria rural”, exemplificou o professor.

“Agora, é muito questionável que se faça outra concessão justamente no caso do grupo dos servidores públicos, responsável pela parcela mais expressiva do déficit previdenciário e que tem regras diferentes dos trabalhadores do setor privado”, disse.

Afonso afirma que o argumento oficial de que o peso da reforma é “dividido entre todos os grupos da sociedade” fica comprometido “na medida em que alguns grupos conseguem alguma regra diferente”.

Ele cita frase de George Orwell em A Revolução dos Bichos: “Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros.”

“É necessário o mínimo de grandeza dos deputados e senadores para pensar nas características técnicas da proposta e não ficar pensando em regras diferenciadas para um grupo ou outro”, cobrou o professor.

“Todas as vezes que algum grupo consegue algum tipo de tratamento diferenciado, outros grupos também tentam um tratamento diferenciado”, pondera. Deste modo, a reforma se transforma em uma “colcha de retalhos”.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.