‘A música explica por que Deus existe’, diz maestro João Carlos Martins

  • Por Jovem Pan
  • 13/06/2019 12h16
Jovem Pan Aos 79 anos, regente mantém o ritmo de apresentações à frente da Orquestra Filarmônica Bachiana do SESI

Reconhecido como um dos maiores intérpretes de Bach do mundo e um dos grandes pianistas de sua geração, o maestro João Carlos Martins foi o convidado desta quinta (13) no Morning Show. O regente lembrou de suas principais histórias, falou sobre os hits atuais do mundo pop e aproveitou para apresentar seu mais novo show, que mistura música e cinema.

Para além da longa carreira internacional, no entanto, Martins é sempre lembrado como um grande exemplo de superação. Nos anos 60, quando já era visto como um virtuose da música clássica, o pianista sofreu uma queda durante uma partida de futebol. O acidente lhe atrofiaria três dedos. Em 1995, vítima de um violento assalto, ele sofreria um dano cerebral grave, comprometendo ainda mais sua coordenação motora.

Após várias cirurgias e longas sessões de fisioterapia, o maestro manteve a carreira, a despeito de todos os desafios. “Antigamente eu fazia 21 notas por segundo. Hoje eu posso demorar 21 segundos para fazer uma nota”, reflete. “Mesmo com todas as deficiências, procuro perfeccionismo. Cada nota que eu toco eu ponho a alma, o coração, tudo”.

Aos 79 anos, Martins mantém o ritmo de apresentações à frente da Orquestra Filarmônica Bachiana do SESI. Sem restrições com relação a estilos musicais, o maestro já misturou acordes de violinos com vocais de heavy metal, levou a dupla Chitãozinho e Xororó ao palco da Sala São Paulo e hoje toca o projeto Cinema in Concert. A ideia é celebrar as trilhas mais famosas da sétima arte com reproduções de cenas de filmes em um telão.

“Desde que seja de bom gosto, a música permanece ao longo do tempo. Tom Jobim, Piazzola, esses grandes músicos estão vivos porque fizeram grandes obras”, diz. “O Bach está aí há 300 anos”.

O regente também realiza diversas apresentações em projetos sociais nos mais diferentes locais do país. Segundo ele, mais de 16 milhões de pessoas já passaram pelas audições em praças, favelas, teatros e outros espaços. “Toco do mesmo jeito no Carnegie Hall e com jovens da Fundação Casa”, revela. “Quando você luta pela democratização da música clássica, isso muda a vida das pessoas, elas são tocadas. A música explica por que Deus existe”.

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