Com 2 anos e 179 denunciados, Lava Jato não está chegando ao fim, diz procurador

  • Por Jovem Pan
  • 18/02/2016 12h07
Fernando Frazão/Agência Brasi <p>Procurador da Operação Lava Jato participou por telefone do programa nesta quinta-feira (18)</p>

A Operação Lava Jato completará dois anos em 17 de março. Com 36 denúncias contra 179 pessoas e garantia de R$ 2,8 bilhões recuperados aos cofres públicos (mais de 10 vezes tudo o que foi ressarcido aos cofres públicos até então), a Operação está longe de acabar, afirma o procurador Paulo Roberto Galvão de Carvalho, que trabalha no caso. “Estamos há dois anos e a intenção é continuar. A Operação não está chegando ao final“, garantiu o procurador da República em entrevista exclusiva ao programa Morning Show da Jovem Pan nesta quinta-feira (18).

Galvão compara a expansão da Lava Jato nesses 23 meses a um novelo de lã. “É a primeira vez que se consegue manter operação viva e continuando a se expandir por tanto tempo”, disse. “A gente não escolhe o que investiga. Os fatos aconteceram dessa forma e a gente conseguiu puxar o fio do novelho (…). Não conseguimos dar um panorama de quando essa investigação vai acabar”.

—related—“O nosso trabalho é tentar fazer com que a operação não termine em pizza”, afirmou ainda Galvão, elogiando o trabalho dos agentes e das investigações realizadas “de forma bem feita, profissional”. Ele reconhece, no entanto, que “o nosso sistema de justiça criminal é realmente falho”, com muitas brechas para se tentar “burlar” ou atrasar o processo.

Decisão do STF

Por isso mesmo, Galvão elogiou a medida do STF desta quarta (17) que permite que alguém condenado em segunda instância já seja preso antes mesmo do trânsito e julgado no Supremo. “Nós aplaudimos bastante essa medida”, disse, lembrando que ela já estava prevista nas “10 medidas contra a corrupção” propostas pelo Ministério Público Federal, das quais os agentes da Lava Jato têm sido propagadores. 

O procurador avalia que a decisão “pode mudar de forma radical como o processo (legal) funciona”. De acordo com ele, hoje em dia, os advogados trabalham com o objetivo “não de definir uma culpa, mas jogar o processo para frente, se aproximando de uma prescrição”. Com a mudança no Supremo, considerado culpado, o réu já iria para a prisão, para, depois, serem discutidas “questões paralelas”, em sua visão.

Destino do dinheiro

Galvão também explicou o destino do dinheiro recuperado pela operação. Cerca de 90% dos R$ 2,8 bilhões que serão obtidos de volta seriam para o ressarcimento dos prejudicados. No caso da Lava Jato, a maior beneficiária é a Petrobras, cujos cofres foram alvos dos desvios, mas parte também iria para a Eletronuclear, por exemplo. 

O procurador disse que a Petrobras tem tomado medidas com a verba recuperada para evitar mais casos tão gritantes de corrupção e propina. A estatal brasileira está fazendo investigações internas e tomando medidas de compliance, afirmou.

Além disso, “uma porcentagem desse dinheiro pode ser destinado ao combate à corrupção”, fortalecendo a Polícia Federal e o MPF.

Delação

Um dos motivos do sucesso da Operação são as delações premiadas, disse também Galvão. Ele discorda que a impunidade do delator seja o pressuposto do acordo firmado pela Justiça. O entrevistado entende que o maior interesse é o de punir todas as pessoas contra as quais o delator gera provas que não seriam obtidas por outro meio. A Justiça nesses casos faz um balanceamento do interesse público, disse.

Se o Ministério Público não tivesse interesse nas delações premiadas, não teria Operação Lava Jato, chegou a afirmar.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.