Novo livro de Laurentino Gomes reflete sobre escravidão brasileira: ‘Dívida histórica é inegável’

  • Por Jovem Pan
  • 06/11/2019 12h36
Jovem Pan Escritor Laurentino Gomes foi o convidado do Morning Show nesta quarta-feira (6)

Autor de “1808”, ano em que a família real desembarcou no Brasil, e “1822”, sobre a proclamação de independência do país, Laurentino Gomes lança agora o livro “Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares”.

Falando sobre a importância de se discutir o tema na atualidade, Gomes participou nesta quarta-feira (6) de um bate-papo com a bancada do Morning Show e ressaltou como a escravidão associada à cor de pele foi uma característica particular do Brasil, algo que respinga em nossos índices sociais até hoje.

“A associação entre escravidão e cor da pele negra não havia antes, escravidão não era sinônimo de cor da pele”, explicou. Segundo o autor, a ideologia racista nascida entre os séculos XVI e XVIII classificou os negros como selvagens e pagãos, e a sociedade branca acreditava que fazia um favor em trazê-los para as Américas.

“Essa ideia racista permanece entre nós até hoje, de que o afrodescendente é inferior, merece ser explorado no seu trabalho e não merece as mesmas oportunidades.” Segundo Gomes, 12,5 milhões de africanos foram capturados e trazidos como escravos para o Brasil, mas cerca de 1,7 milhão morreram durante a travessia.

Citar e refletir esses dados, de acordo com o autor, é fundamental não somente para entender a nossa história passada, como a presente e futura. “A dívida histórica é inegável e quem vai pagar é a sociedade brasileira. E não é apenas uma questão de dívida histórica, mas de investimento no futuro.”

“(…) Nós nunca vamos ser um país decente enquanto a imensa maioria da população não tiver acesso à educação, saúde, bons empregos, enquanto não permitimos que a maioria realize na plenitude suas vocações e seus talentos. Isso na era da informação é um desastre. A questão não é nem pagar uma dívida passada, é resolver um desafio estratégico que o Brasil tem pro futuro.”

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