Para mãe de Eliza Samudio, Bruno "quer se fazer de bom moço", mas "é um monstro"

  • Por Jovem Pan
  • 07/04/2017 11h12
Flávio Tavares/Estadão Conteúdo <p><span>Sônia Fátima Moura, mãe a ex-modelo Eliza Samudio, é vista com o neto Bruninho; "a melhor coisa da tragédia", diz</span></p>

Sonia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, diz que “é revoltante” acompanhar a volta aos gramados do goleiro Bruno, condenado por ordenar o assassinato de Eliza em 2010. Bruno Fernandes reestreia no futebol pelo Boa Esporte, time do interior de Minas Gerais neste sábado (08), após ter ficado seis anos e sete meses preso.

“Ao mesmo tempo que é revoltante, eu fico indignada. Agora é não perder a esperança, não perder a fé e continar a luta. Enquanto eu tiver força para lutar pela justiça, por minha filha e pelo meu neto, eu vou fazer”, conta Fátima, que cuida de Bruninho, neto de sete anos, fruto do relacionamento entre Bruno Fernandes e Eliza.

O que mais revolta dona Fátima, no entanto, é a aclamação que Bruno recebe dos fãs. “Infelizmente nós vivemos em um país de hipocrisia, de falso moralismo. O que se faz uma pessoa, sabendo que ele cometeu um crime, que é um covarde, sem defesa nenhuma à vítima, eles ainda por cima somem com o corpo dela, não me deram os restos mortais da minha filha até hoje. É uma situação muito dolorosa”, relembra em entrevista exclusiva ao Morning Show nesta sexta (7).

“Ele fala que ele pagou pelo erro. Ele não fez um erro, ele cometeu um crime bárbaro. E ele só não matou o próprio filho porque Deus colocou a sua mão”, supõe Fátima, lembrando que Bruninho também ficou em cárcere privado junto à mãe. “Ele não pode ser chamado de ser humano, ele é um animal, um monstro. Isso é revoltante”, desabafa.

Fátima critica populares que tiram selfies ao lado do arqueiro do Boa Esporte. “Os valores nossos estão sendo invertidos”, decreta. “Como pode colocar o seu filho de menor ao lado de um assassino?”, questiona, lembrando que muitas crianças que hoje idolatram Bruno têm a idade de seu neto.

A mãe de Eliza também questiona as verdadeiras intenções do goleiro ao declarar publicamente que tem vontade de se aproximar do filho. “Ele (Bruno) está querendo, perante a sociedade, de se fazer de bom moço. O que ele tem de bom para oferecer para a criança? Tudo que ele tinha ele tirou. Estou tentando proteger meu neto de mídia, do noticiário, para ele não saber que o pai dele é o responsável pela ausência da mãe dele”, relata Fátima, que não conta a Bruninho as acusações que pesam sobre o pai. “Até isso estão tentando tirar de meu neto, que é a infância, a inocência que ele tem”.

Dona Fátima ainda sente “uma dor de alma, uma dor que não passa nunca” por ter enterrado a filha, “sendo que as coisas deveriam ser inversas”. Ela questiona a progressão continuada de penas no Brasil e clama que condenados em crimes hediondos cumpram a totalidade dos anos decretados pela Justiça.

Outra parte do discurso de Bruno que revolta a avó é de que ele cometeu um “erro” pelo qual já pagou. “Ele planejou esse crime anos e arquitetou minuciosamente o que ele iria fazer. Até festas ele deu na casa dele quando minha filha estava em cárcere privado”, lembra. Erro é uma coisa involuntária”, diz. “Chegar a cometer um crime e dizer que é um erro, ah, com licença né”.

A indignação só é aplacada por Bruninho. “De toda essa tragédia, de tudo o que aconteceu, o meu neto é a melhor coisa de tudo. Por ele eu vou continuar minha luta”.

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