Paulo Mathias e Carina Vitral discordam sobre condenação de Lula

  • Por Jovem Pan
  • 29/01/2018 12h21
Johnny Drum/Jovem Pan

A política brasileira vem passando por um clima de efervescência e os debates entre esquerda e direita ganharam nova força desde a semana passada, por conta da condenação do ex-presidente Lula, que pegou 12 e um mês de prisão por corrupção. A nove meses das eleições, o Morning Show convidou nesta segunda-feira (29) duas lideranças jovens, cada um representando sua ideologia.

Carina Vitral, presidente da União da Juventude Socialista e Paulo Mathias, prefeito regional de Pinheiros sob a gestão de João Dória debateram e colocaram suas visões na mesa sobre o ex-presidente do Brasil, além de expor o que esperam do Brasil nos próximos anos.

A seguir, você pode acompanhar cada ponto discutido pelas duas lideranças jovens dos movimentos de esquerda e de direita da política brasileira.

Lula foi condenado injustamente?

Carina: Minha visão sobre o julgamento do Lula é que qualquer ser humano precisa ser julgado com relação a constituição e ele não é diferente disso. Tem uma série de coisas, cheiros e faros que se aproximam de uma condenação prévia, muito antes do Moro ter dado a sentença em primeira instância e o TRF4 ter dado a sentença em segunda instância, tinha um pré-julgamento contra o Lula.

Paulo: Falar sobre o PT e sobre a condenação do Lula é chover no molhado. O cheiro que sinto é de presunto podre de corrupção. Está provado que o Luís Inácio ‘Condenado’ da Silva é bandido e tem que ser preso o mais rápido possível. A primeira e a segunda instância analisam os méritos da questão e a terceira instância julgará apenas trechos jurídicos da questão. Não é possível que em três horas as provas não estejam ditas ali no meio. O maior exemplo que o Brasil terá é quando esse homem for preso.

A esquerda conseguirá sobreviver sem o PT?

Carina: PC do B não vai estar com o Lula em 2018. Independente do julgamento e do resultado, o partido já havia debatido e decidido sobre a pré-candidatura da Manuela D’Ávila. O PC do B tem 90 anos de história. Quando surgiu o Lula em 89, o PC do B apoiou o PT. Sempre criticamos limites dos governos Lula e Dilma. Perceber que o Brasil pode ir além, o PC do B vai lançar uma candidatura. A juventude do PC do B é algo a ser valorizado.

Paulo: Em relação ao futuro da esquerda, eles estão numa situação ruim. Eles perderam o discurso, não tem um discurso legítimo no Brasil. Candidaturas da esquerda são bem-vindas. O Brasil não vai apostar em alguém que defende o Maduro.

O que falta para o país progredir?

Paulo: A primeira coisa que tem que ser feita é a mudança de postura. Quando falo de máquina inchada, o país chegou no ponto da previdência é que se gastou mal e a conta não fechou, senão o país vira um desastre em 20 anos. Falta aproximação da população e do gestor que está lidando com impostos. Quando o trabalhador brasileiro vai sair de casa ele não tem carro oficial. Por que políticos tem regalias? Estou triste com a reforma política. Tivemos poucas mudanças do que tivemos nos últimos anos. Defendo o voto distrital misto, acho que é a melhor forma de se eleger.

Carina: Acho que é simbólico quando o Paulo Mathias e eu fazemos de nossas vidas de atuação política. A gente mostra que o caminho é por aqui. É só mudando essa política que vamos mudar o Brasil. Esse é um caminho importante. A população está desacreditada porque vê que falta coerência na política. O político vende uma coisa e faz outra. Hoje a política é contaminada pelo marketing. O jovem não quer alguém mediador entre ele e o poder. Ele quer pegar o futuro na mão e fazer. A primeira barreira são os partidos políticos que estão por aqui. Qual espaço os jovens tem no espaço políticos para se candidatar. Qual forma a gente vai avaliar os serviços públicos.

Qual o significado da frase do senador Lindberg Farias?

Paulo: Esse senador é uma aberração política. A narrativa do PT é deixar o Lula como vítima e o Lindbergh não tem moral alguma para fazer isso. Me deixa chateado jovens apoiarem ditaduras como essa. Todos sabem que o PT queria transformar o Brasil numa Venezuela aos poucos.

Carina: Acho bem caricato o jeito que o Paulo Mathias fala. Lula é diferente de Chavez e Maduro, todos sabem. Esse discurso é que cria os extremos e a política está contaminada com essas tentativas de ganhar likes. O que fui fazer na Venezuela foi participar do fórum social mundial.

Exemplos de governo no Brasil

Carina: No Brasil eu tenho muita referência com o governador Flávio Dino. Ele rompeu uma hegemonia grande om o Sarney. Numa eleição que todos diziam improvável, ele conseguiu governar o estado. O Maranhão está sendo revolucionado. Uma das principais apostas do Dino foi a educação e para mim é o principal caminho para a mudança do país. O resto é tapar um enorme buraco com band-aid. Seguiria um modelo que investe em educação.

Paulo: O governo do Doria começou resolvendo um problema emergencial que era a fila dos exames. Tratou de privatizações como Anhembi e Interlagos e a região que comando, Pinheiros, teve suas vias reformadas. Fomos a primeira região que cortou mordomias. O governo do Paulinho Serra em Santo André também segue o mesmo projeto.

Fenômeno Bolsonaro

Paulo: Bolsonaro não é a figura ideal a comandar o Brasil, mesmo porque acho ele um extremista. Não sou favorável a armamento, já disse publicamente. A candidatura dele reflete a grande insatisfação do povo a política brasileira. O que falta é termos uma candidatura representativa com discursos fortes e não falar de privatização ficará para trás.

A ascensão dele se dá por conta da segurança pública. Continuo com críticas quanto ao código penal brasileiro. Bandido tem mais direitos do que cidadão comum. Ele aborda isso de uma forma competente.

Carina: Ele é o que há de pior na política brasileira. É um projeto atrasado de sociedade e com frases feitas, sem apresentar soluções concretas a realidade. Esse crescimento do Bolsonaro tem a ver coma crise econômica, desespero da população. A saída pela autoridade fica representada nisso. A questão das redes sociais, nós jovens precisamos nos comunicar bem, mas não podemos entrar no jogo do qualquer custo.

Balanço do Governo Temer

Carina: A população foi iludida de que tirando a Dilma as coisas melhorariam. O governo Temer é do baixo clero da política e que ficaram o tempo todo fazendo interesses pessoais.

Paulo: Não é o dos sonhos, mas é o que temos. Temos um presidente que pelo menos está fazendo reformas importantes. A Trabalhista fez os trabalhadores deixarem de ser obrigados a pagar imposto para sindicatos que não os representa. A reforma da previdência é necessária, mesmo que não seja da forma que queremos.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.