Especial Mulheres Positivas: ‘A mulher não se sente representada nem por outra mulher’, diz promotora

Estefânia Paulin foi uma das convidadas da edição temática sobre o voto feminino; programa também entrevistou a delegada Raquel Gallinati

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2023 01h51 - Atualizado em 21/03/2023 08h20
Reprodução/ Jovem Pan News mulheres positivas Mulheres Positivas desta semana debateu o voto feminino no Brasil e no mundo

No programa “Mulheres Positivas” desta semana, Fabi Saad recebeu a delegada Raquel Gallinati, que foi candidata a deputada estadual por São Paulo no ano passado, e a promotora de Justiça Estefânia Paulin — ambas especialistas em violência contra a mulher — para debater sobre a conquista do voto feminino no Brasil e no mundo. A dupla falou sobre carreira, os desafios da mulher na vida pública e as conquistas que tiveram. Questionada sobre estatísticas, a promotora repassou a falta de representatividade nas eleições brasileiras. “Nós sabemos que, na nossa cultura, em alguns Estados, os maridos impedem as mulheres de votar. Tivemos abstenção de 43% de voto feminino segundo o último Censo, de 2018, incluindo votos nulos e brancos. Para mim, significa que a mulher não se sente representada nem por outra mulher. Porque, se formos pensar, o direito ao voto não é só votar, é ser votada. Então no direito ao voto estamos indo muito bem, mas o direito a ser votada precisamos melhorar. Existem muitas leis que obrigam os partidos a trazerem mulheres candidatas, senão perdem dinheiro, mas o que eles fazem? Chamam uma mulher que não entende nada e não investe na propaganda. E a mulher vai se sentir representada por essa candidata? Não! Então, nem a mulher vai votar em mulher. A representatividade feminina foi de 15% somente nessa última eleição”, explicou Estefânia.

A delegada Gallinati lembrou que o primeiro país a liberar o voto feminino foi a Nova Zelândia, e o último, a Arábia Saudita, em 2015. “É uma situação em que o Brasil, neste aspecto, está evoluindo nos direitos das mulheres”, comentou. Sobre a representatividade, ela lembrou sua tentativa de se eleger no legislativo paulista. “Essa representatividade abrange estrutura e condições para aquela mulher competir de forma igual. A gente ainda vê a opção dos partidos em investir em candidatos homens. Quando esses partidos percebem, depois das eleições, que o voto daquela mulher foi muito mais barato do que o daqueles que tiveram investimentos colossais, é um ‘presta atenção’. Subestima-se muito a capacidade representativa e a legitimidade da mulher para representar a parcela da população, seja em eleições parlamentares ou majoritárias”, destacou. Raquel afirma que percebeu durante sua candidatura uma abertura para a situação mudar. “Eu tive muitos eleitores homens, que faziam campanha, mas passava por mulheres que diziam: ‘Eu não tenho candidato, então vou votar em você porque é mulher. Eu via essa sintonia. A gente não precisa falar em pautas de mulheres, segurança pública é uma pauta que serve a todos nós.”

Assista ao programa na íntegra:

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