Primeira mulher a presidir Adidas no Brasil conta como foi mudar do ramo da beleza para o dos esportes

Flávia Bittencourt foi convidada do programa ‘Mulheres Positivas’, da Jovem Pan, nesta segunda-feira; ela falou sobre como conciliar liderança, carreira e vida pessoal

  • Por Jovem Pan
  • 01/03/2021 18h20
Adidas/Reprodução de video/Vimeo Flávia Bittencourt é presidente da Adidas no Brasil desde 2019

O programa ‘Mulheres Positivas‘, da Jovem Pan, desta segunda-feira, 1°, tem como convidada da apresentadora Fabi Saad a presidente da Adidas no Brasil, Flávia Bittencourt. A executiva, que assumiu o cargo no mês de maio de 2019, trouxe dicas sobre como ser boa profissional, mãe e ainda ter tempo para cuidar de si dentro de um dia com apenas 24 horas. Formada em engenharia química, Bittencourt tem um longo currículo com passagens em locais como Unibanco e na Sephora. Na última empresa, do ramo de beleza, ela foi CEO. Hoje, dentro do mundo dos esportes, ela enxerga o momento atual como especial. “Trocar de empresa já é difícil. Trocar de empresa e de indústria, é muito complicado”, afirmou. Ela lembrou que durante a pandemia se deparou com um momento desafiante, mas não tão desafiante quanto entrar em uma indústria da qual não sabe muito. “De você, como presidente, todo mundo espera que saiba tudo. Essa é a parte mais bacana”, lembrou.

Dentro do novo contexto, a CEO da marca no Brasil já passou por eventos no qual era a única mulher entre 90 homens e terminou causando impacto em um mundo ainda muito machista. “Foi superinteressante esse evento porque depois teve um jantar e eu sentei na frente de um senhor, um argentino, e ele falou: ‘Você é do Brasil?’. Eu falei: ‘É, sou da Adidas Brasil’. Ele falou: ‘Eu soube que mudaram o presidente da empresa, você me apresenta?’, e eu respondi: ‘Sou eu mesma’. E a reação dele foi: ‘Mas você é mulher'”, contou a executiva. Ela lembrou que, logo no início da pandemia, quando tinha poucos meses de empresa, tinha como maior preocupação a saúde física e mental dos funcionários e passou a fazer reuniões periódicas para acompanhá-los. “Muitas vezes eu não tinha nem pauta de negócio. Eu entrava e dizia: ‘gente, eu estou aqui para a gente conversar. O que é que vocês estão sentindo? Querem saber como é que eu estou fazendo aqui em casa? Querem saber as dificuldades que eu estou passando? A gente está aqui nessa live, tem cachorro latindo, e é normal. Se seu filho entrou no meio da reunião, está tudo bem. Você precisa ajudar, parar, então teve um momento muito grande de conectar com as pessoas, ouvi-las”, questionou. Naquele momento, abrir um espaço transparente de conversa foi algo pontuado por ela como essencial.

Como fazer tudo em apenas 24 horas?

Modelo de referência para muitas mulheres, Bittencourt lembra que nunca quis ter que escolher entre ser mãe ou ter uma carreira de sucesso, opções que sempre amou. “Eu nunca vou ser 100% feliz sendo só mãe. Eu vou abrir mão de ter filhos? Não. São as coisas que eu mais amo, disparado, na minha vida. Eu vou abrir mão de fazer exercício? Não, se eu deixo de fazer exercício eu fico com energia acumulada”, exemplificou. Ela lembra que, diante das opções, decidiu abrir mão de assistir televisão, passar tempo nas redes sociais e dormir muitas horas por dia. “Vou abrir mão de coisas que não me fazem tanta falta, mas ser mãe, cuidar de mim mesma, ter um tempo para mim, trabalhar, fazer esportes? Não quero abrir mão de nenhuma dessas coisas”, afirmou, garantindo que faz um pouco de tudo acordando às 5h30 para.

A CEO lembrou do momento em que, recém-casada, ainda na faculdade e fazendo estágio, engravidou da primeira filha e teve “certeza absoluta” de que a carreira estava destruída. “Para mim foi super chocante, e em um momento em que eu estava me formando. Como é que vai ser minha carreira agora? Eu vou trabalhar onde? Eu estava participando de uma série de processos seletivos e tinha acabado de receber uma proposta”, recordou. Nos três primeiros meses de gestação, ela ficou de cama por ter gravidez de risco. Grávida de nove meses, foi até a dinâmica de grupo de uma empresa após ser selecionada. “Todo mundo pensava: é uma concorrente a menos, né? Porque ninguém vai contratar uma mulher grávida de nove meses”, afirmou. A primeira filha dela nasceu no dia seguinte à entrevista e, uma semana depois, Bittencourt tinha conseguido o primeiro emprego da vida no Banco Nacional. Para ela, a garra de querer deixar um legado e a paixão pelo emprego e por aprender coisas novas, assim como o trabalho em equipe são essenciais para uma carreira de sucesso e chamam atenção nas pessoas que estão em seleções de emprego.

Como livro que admira, a presidente da Adidas cita toda a coleção de negócios do autor Jim Collins, a quem considera a pessoa que mais marcou a vida dela quando passou a ser gestora de pessoas. Como produção audiovisual que assistiu recentemente por lazer, ela lembrou de “O Gambito da Rainha” e de “Game of Thrones”. Como mulher admirável, Flávia Bittencourt apontou a ex-CEO da Lacoste no Brasil, Rachel Maia. “Ela tem uma pauta da qual eu gosto muito, que é diversidade e inclusão. E é uma pessoa que, como eu, é sempre otimista, está sempre dando uma gargalhada, sempre rindo, acho que a gente se dá bem por causa disso também”, afirmou.

Confira o programa “Mulheres Positivas” desta segunda-feira, 1, na íntegra:

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