Projeto aposta em inclusão e capacitação de mulheres no mercado da programação
‘Sociedade contribui para que não exista mulheres na área das exatas’, afirmou sênior manager da Catho, em entrevista ao programa Mulheres Positivas

Nesta semana, o programa Mulheres Positivas recebeu Tatiana Vasone, sócia da Let’s Code, e Bianca Machado, sênior manager de recrutamento da Catho. Juntas, elas representam o projeto Devel(as), que busca capacitar e incluir mulheres no mercado da programação e da ciência de dados. Em entrevista à Fabi Saad, Machado contou de onde surgiu a ideia do projeto conjunto entre as empresas. “De uma dor fortíssima na Catho para a gente contratar desenvolvedores ou desenvolvedoras. Não só a capacitação como a atração dessas pessoas. É um mercado extremamente aquecido e difícil de atrair talentos”, explicou. “A Catho procurou a Let’s Code para que a gente conseguisse capacitar pessoas, e, por que não, mulheres? A Catho tem uma cultura fortíssima de diversidade e inclusão. E aí surgiu essa ideia para tanto sanar a dor da Catho, e a Let’s Code entrou com essa missão linda de nos apoiar.”
Para além da capacitação, Bianca Machado apontou a representatividade feminina na área da tecnologia como uma das motivações para a construção do projeto. “São números assustadores. Dezenove por cento de mulheres na área de tecnologia, sendo que nós somos mais da metade da força de trabalho no Brasil. Quando a gente olha esse número globalmente, são 11% de mulheres na tecnologia. Na Catho, a gente quer chegar mais que 50% também. Hoje, o número é menor do que 30%”, contou. A sênior manager também lembrou sobre a existência de limites culturais e sociais que desestimulam a presença de mulheres na programação. “A gente sabe que tem muito espaço. Tem questões socioculturais envolvidas. A nossa história e nossa sociedade patriarcal contribuíram para que a gente não tenha mulheres na área de exatas. Menos de 30% das mulheres escolhem a área de exatas e isso influencia diretamente no mundo da tecnologia.”
Vasone deu dicas para a inserção de mulheres e jovens no mercado da programação. “O code.org e Girls Who Code são iniciativas mundiais para trazer o público jovem para a programação”, disse. “No começo do Let’s Code, a gente atendia o público infantil, começava com crianças de 7 anos. Eram mais ou menos 60% meninos e o restante meninas. Aos poucos, isso está mudando. Uma iniciativa para impacto de médio a longo prazo.” Vasone ainda falou sobre a necessidade do ensinamento das lógicas de programação no ensino básico. “Você chega ao mercado de trabalho e precisa saber falar com a tecnologia, precisa entender sobre. Com esse novo desenho de modelo do ensino médio, com certeza, uma das eletivas é a matéria de programação.”
Como mulher positiva, Tatiana Vasone relembrou a trajetória de Belinda Gates. “Ela fez ciências da computação, era uma ex-funcionária da Microsoft”, disse. Sobre livros, Ela indicou a biografia de Belinda, “Momento de Voar”. Como filme, a sócia da Let’s Code trouxe o longa estrelado por Anne Hathaway, “O Estagiário”. “Traz o olhar de inclusão e diversidade de empresa.” Bianca Machado trouxe como indicação de livro a obra “A Regra é Não Ter Regras”, de Erin Meyer e Reed Hastings, que conta sobre os bastidores da cultura da Netflix. Como filme, ela citou a série biográfica de Madame C. J. Walker, “Self Made”, disponível na Netflix. “Diversidade, inclusão e a primeira mulher negra de sucesso num país que sofreu tanto preconceito”, falou sobre a obra. Como mulher positiva, a sênior manager da Catho recordou a história de superação da própria mãe, uma das três sobreviventes de um grave acidente em que foi vítima de queimaduras de terceiro grau.