“Pedir dinheiro para pagar dívida não traduz obstrução de justiça”, diz advogado de Aécio
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o advogado de Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron, negou que tenha recebido qualquer quantia para defender o senador afastado do PSDB na Operação Lava Jato.
Segundo gravação feita pelo dono da JBS, Joesley Batista, o presidente nacional do PSDB teria pedido R$ 2 milhões para sua defesa no âmbito da operação. Para o advogado Toron, o episódio não revela uma obstrução de Justiça: “Ficou absolutamente claro que nunca recebi esse dinheiro. Uma segunda questão, que é importante levantar, do ponto de vista do senador Aécio, é que o episódio dele, não revela qualquer obstrução de Justiça. Ou seja, o que se retrata é que ele pede dinheiro alguém das relações dele supostamente para pagar o advogado. Admitindo-se que seja exatamente isso, já sabemos que não recebi dinheiro nenhum. Mas admitindo-se que fosse isso, não há ato de obstrução de justiça. Pedir dinheiro emprestado para pagar dívida ou quem quer que seja, não traduz o crime de obstrução de justiça”.
Toron disse ainda ter ficado surpreso com a notícia, e declarou ser contrário ao afastamento do tucano de seu mandato no Senado. “Eu, que não tinha e não tenho menor simpatia pelo ex-deputado Eduardo Cunha, já chamava atenção para ilegalidade desse tipo de afastamento. Aqui se repete o mesmo tipo de medida. Não me parece que isso cumpra as balizas da Constituição no Estado de direito. Vamos ver o que é possível ser feito nessa área”, disse.
Sobre uma citação à defesa de Aécio na gravação, Alberto Zacharias Toron disse ter “posição absolutamente tranquila”. Ele afirmou ainda que pode continuar atuando e que as medidas serão tomadas de acordo com o decorrer do tempo e “da maneira devida”.
Segundo o Ministério Público Federal, o dinheiro solicitado por Aécio não foi repassado a nenhum advogado.
Confira a entrevista completa:
O caso
Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, teria pedido R$ 2 milhões para pagar advogado da Lava Jato.
O dinheiro teria sido entregue a seu primo Frederico Pacheco de Medeiros, o “Fred”, em quatro parcelas de R$ 500 mil. Uma das entregas, feita por Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS, foi gravada pela Polícia Federal.
O material foi entregue em delação premiada de Joesley Batista, um dos donos da JBS, conforme divulgou o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo na noite desta quarta (17).
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