Debate entre Biden e Trump e o ‘efeito Orloff’ no Brasil

Assim como ocorre nos Estados Unidos, em breve teremos o início das disputas também no Brasil

  • Por Reinaldo Polito
  • 27/06/2024 12h00 - Atualizado em 27/06/2024 12h01
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Montagem / Instagram Trump e Biden Há grande expectativa para o desempenho dos adversários. Será que Trump repetirá a forma agressiva como se comportou nas últimas vezes ou se apresentará de maneira mais equilibrada? E Biden, como agirá?

Nesta quinta-feira (27), Joe Biden e Donald Trump se enfrentarão em importante debate visando à Casa Branca. Há grande expectativa para o desempenho dos adversários. Será que Trump repetirá a forma agressiva como se comportou nas últimas vezes ou se apresentará de maneira mais equilibrada? E Biden, como agirá? Como serão elaboradas as questões da contenda? Haverá as tradicionais pegadinhas para desestabilizar o oponente, ou essa estratégia já está desgastada? Assim como ocorre nos Estados Unidos, em breve teremos o início das disputas também no Brasil. Embora sejam situações distintas, pois aqui teremos pleitos municipais, no fundo o processo é o mesmo, já que os concorrentes entrarão na disputa para vencer.

As pegadinhas

Houve época em que os políticos eram encurralados com pegadinhas armadas pelos adversários e jornalistas. Durante os debates, alguém sacava do seu cofre de maldades uma questão imprevista para constranger o oponente. Davam um jeito de contextualizar o tema para que não parecesse sem sentido. Perguntavam, por exemplo, se o candidato sabia o preço do pãozinho francês, do quilo de feijão, do pacote de manteiga. Sentindo-se na obrigação de estar inteirado dessas informações já que debatiam, por exemplo, a inflação dos alimentos, ele girava e rodopiava para encontrar saídas àquela armadilha.

O jornalista levou o troco

Com o passar do tempo, ficou claro para todos que esse tipo de questionamento não tinha por objetivo esclarecer nenhuma dúvida. A finalidade era tão somente desqualificar o debatedor. Por isso, sem pressão, a resposta simples passou a ser “esse tipo de detalhe não pode colaborar com o debate”. Houve um caso interessante em que determinado jornalista, valendo-se desse artifício, perguntou o preço do quilo da batata. O político sorriu e devolveu com outra pergunta: poderia me dizer o preço da caneta esferográfica que usa para suas anotações? Há casos que ficaram para a história por se tratar dos dois mais importantes políticos dos últimos tempos, Lula e Bolsonaro. Em um deles, Lula tentou “enrolar”, mas não foi muito feliz. Em outro, Bolsonaro, nem disfarçou, e confessou logo que não sabia.

CIDE

Ao participar do último debate na campanha presidencial de 2002, Antony Garotinho, com a intenção clara de jogar uma casca de banana para que o adversário escorregasse, perguntou a Lula se ele pensava em manter a CIDE, caso vencesse. Procurando deduzir o que seria essa bendita CIDE, o candidato petista respondeu como se a sigla correspondesse a um órgão público federal. Garotinho não perdeu a oportunidade de dar uma “aulinha”, deixando claro que seu oponente não tinha ideia do que estava falando. Explicou que CIDE significava “Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico”, cobrada sobre combustíveis. Lula tentou sair pela tangente, mas não colou.

CIS

Com Bolsonaro o caso foi mais recente. Ao prestar depoimento à Polícia Federal, em fevereiro deste ano, em virtude das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, perguntaram se ele era CIS. Sem demonstrar nenhum tipo de constrangimento, confessou que não sabia o que era isso. Só depois de algum tempo descobriu que estavam falando de “cisgênero”, termo que identifica as pessoas que se reconhecem como sendo do sexo determinado a elas no nascimento.

Os debates estarão de volta

Em breve teremos a volta dos debates eleitorais. Cada candidato irá se valer de todos os recursos de que dispuser para mostrar as fragilidades do adversário. Se for uma pegadinha descarada, como o preço de um item específico de alimentação, por exemplo, o veneno poderá se voltar contra o próprio agressor. No caso de se tratar de temas que deveriam ser do domínio público, como causas do aumento da inflação, ao não ter resposta, correrá o risco de perder pontos com os eleitores.

Lição de casa

Pelo sim, pelo não, é importante que façam a lição de casa e estudem todos os temas que poderão ser levantados pelos oponentes. Quanto mais bem-preparados estiverem mais condições terão de servir à população e mais chances terão de vencer as eleições. Ainda há tempo de cada um estudar tudo o que puder sobre saúde, educação, transporte, habitação e tantos outros temas que permearão os discursos de campanha. É preciso lembrar que os eleitores estão cada vez mais preparados e exigentes. Lá como cá. Mesmo havendo imensa diferença cultural, as dúvidas que são levantadas em torno do debate entre Biden e Trump alertam para a necessidade de preparação e de uma estratégia bem determinada aqui em terras tupiniquins. Os nossos candidatos teriam muito a lucrar se observassem o resultado desse confronto. Como afirmou Sócrates: “A ignorância não está em não saber, mas em não querer saber”.  nSiga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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