Política do isolacionismo atua como lavagem cerebral

Isolacionismo é o novo cala boca, que, em nome de um controle social, esmaga a liberdade em nome de um falso bem-estar coletivo – que jamais chega

  • Por Adrilles Jorge
  • 06/03/2021 15h20
Neil Hall/EFE - 05/01/2021 Londres chegou a ficar vazia durante lockdowns impostos por causa da pandemia de Covid-19 Pesquisas mostram que Inglaterra teve alto índice de contaminados e mortos, apesar das restrições de circulação

O isolacionismo é uma seita materialista, o que é a tradução exata de uma ideologia. Ideologia é uma apreensão de ideias fixas que moldam uma realidade fictícia e falseada, sem complexidades. A ideologia isolacionista é uma seita sem deus, sem um principio de transcendência; uma ideologia que confina a cabeça de seu sectário em uma ideia única, obsessiva e errada: a de que trancar pessoas por tempo indeterminado salva vidas. Não interessa aos fanáticos dizer que pessoas trancadas em casa significa menos empregos, menos trabalho, menos comida, menos saúde mental, mais agressões domésticas, menos educação, mais miséria, mais fome e, sobretudo, mais mortes causadas pela soma de todos estes problemas. O sectário fanático vai continuar zurrando como uma besta que quem não se isola é assassino genocida. Para os sectários isolacionistas, o inimigo a ser combatido é o sujeito que tem uma visão holística da realidade. O isolacionista é filho direto do cientificismo e espelha seu autoritarismo: um médico pode receitar oito horas de sono, uma alimentação saudável, não fumar, não beber. Recomendar, não obrigar. O isolacionista te obriga a se isolar. Como um médico que te obrigasse a não beber e não fumar e não comer gordura porque sua saúde prejudicada poderia prejudicar o sistema de saúde e arcar com custos para o Estado e o dinheiro do contribuinte. Como um médico ensandecido que te proibisse de usufruir a vida em nome do coletivo, o isolacionista te proíbe de viver em nome de uma sobrevivência asséptica, sem cor, sem gente, sem vida, sem nada.

O isolacionismo é filho direito do globalismo. Um princípio moral de saúde pública que, em nome de um controle social, esmaga sua liberdade em nome de um falso bem-estar coletivo. Bem-estar que jamais chega. Pior: o isolacionismo nega o próprio bem estar. Aposta no desespero eterno. Com medo e desespero, sem entender que a vida tem um contingente de risco, aposta no pavor permanente do medo da morte. Qualquer palavra em contrário é considerada insensível. E para os ouvidos ultrassensíveis do politicamente correto, que escamoteia verdades em nome de uma fragilidade do ofendido profissional, o isolacionismo é o novo cala boca da liberdade de expressão. Não por acaso, as redes sociais, uma boa parte de políticos e a grande mídia tentam escolher a dedo todos os especialistas que endossam o isolacionismo. Pensamento dissonante e holístico é massacrado e censurado. Angela Merkel escolheu especialistas isolacionistas para referendar suas práticas que não deram certo. O governante isolacionista aposta na anticiência: em vez de pesquisas, as provas cabais sem estudo. Quando pesquisas reais mostram que 85% de confinados em Nova York foram contaminados ou que os países que mais se isolaram no mundo, como Argentina, Bélgica, Inglaterra, foram os piores em números de infectados e mortos, eles se calam. E calam quem tenta alertar para a verdade. Quando comprovam que 70% de mortos na Suécia, país que não se isolou ano passado, se encontravam em asilos, confinados, os isolacionistas silenciam.

O isolacionista infunde falsa pesquisa com desespero. Os vírus estão todos do lado de fora, berram. Não vivam. Não saiam. Sobrevivam quietos debaixo da ordem dos tiranos. O isolacionismo é um bálsamo para tiranos e maus gestores. Um péssimo gestor arruína a vida de uma pessoa, impedindo-a de trabalhar, e depois a faz agradecê-lo por ter falsamente salvado sua vida. Maus gestores isolacionistas são reeleitos por espectadores com cérebro massacrado pela tese mentirosa, repetida mil vezes, do isolacionismo. É um mal que ataca, sobretudo, a arte, a forma lúdica de se pensar. Espetáculos, shows, teatros, cinemas desaparecem sob o império do medo covarde da seita. É proibida e vista como imoral qualquer tipo de diversão, sobretudo a que o faça pensar. Relações humanas são paralisadas. O toque vira um pecado mortal. Uma nova cepa, uma nova pessoa gripada, uma nova mutação, a ameaça de uma nova mutação, tudo faz com que o tirano isolacionista mate todo tipo de liberdade possível, tanto mais a liberdade de construção lógica de pensamento, por meio do encontro com outras pessoas, de encontro com a arte, de encontro com algo fora da caverna isolacionista.

Toda epidemia tem um fim. E este fim se dá exatamente pelo contato expandido. Toda quarentena racional isola grupos de risco: idosos, pessoas doentes. Não o mundo. Mas nada disso ressoa no ouvido de um isolacionista. O único ponto de vista do sectário é fugir do vírus da morte. E gerar a morte em vida dos isolados. Agora, neste momento, após um ano de medidas fracassadas, um governador retoma o mesmo isolacionismo boçal e fanático que não poupou vidas, que disseminou a covardia e o medo, impediu a vida e travou boa parte da economia do país. E que piorou drasticamente a vida dos mais pobres, que precisam trabalhar, que precisam crescer para fugir da miséria. Os hospitais que deveriam ser melhorados, não foram. Qualquer palavra que se diga sobre a questão de empregos e vidas e economias e trabalhos dizimados é vista como insensível e insensata. A sensatez única do tirano isolacionista é gerar o medo em conjunto com a ruína. Se convencer a maior parte da população, se sagrará vencedor em cima de um entulho infinito de cadáveres, mortos de fome, miséria e desemprego. E outros tantos cadáveres vivos, zumbis hipnotizados pelo tirano isolacionista. Se o povo não reagir diante da tirania — e reagir vigorosamente —, é isto que seremos: um cemitério de zumbis isolacionistas presos nas covas de sua ignorância.

Vivemos no mais autoritário período da história. A política do isolacionismo, em nome de um pretenso humanismo sanitário, proíbe pessoas de se encontrarem, se expressarem, se tocarem, pensarem. Alguém que queira trabalhar, andar, se libertar, é visto como um assassino. A política do isolacionismo atua como lavagem cerebral que faz um lockdown na psique coletiva. Toda liberdade de ir e vir e de pensar livremente vira um gesto homicida. O indivíduo é esmagado pelo desespero imposto por autoridades que clamam por um bem comum que jamais chega. A maioria das pessoas deixa-se controlar e troca liberdade por segurança. No caso do lockdown imposto, trocam liberdade por desespero de uma medida que tira liberdade, não gera segurança e piora a situação. Deixar-se controlar agora é deixar-se anular e massacrar. Trabalho essencial é o trabalho de existir livremente; é o trabalho de enfrentar a tirania de quem quer decidir por você o que é a sua essência.

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