Projeto ‘humanista’ de educação para crianças confunde liberdade com libertinagem

Ensino sexual, a princípio, passa pela quebra de preconceito, mas isso é só no discurso; na prática, o que temos é uma confusão que mistura abobrinhas como a ideologia de gênero

  • Por Adrilles Jorge
  • 12/06/2021 10h00
zapCulture/Pixabay menina de costas estudando com notebook Após repercussão de estudo sobre pornografia, a Unicef retirou o material do ar e o enviou para revisão

Um recente estudo da UNICEF sugeria que o controle de pornografia visto por crianças poderia ser considerado uma violação da liberdade humana e dos próprios direitos humanos. Que não havia elementos suficientes que comprovassem que a pornografia afetava diretamente a formação ou a construção da identidade de uma criança. Órgãos como este, em conjunto com a ONU, são referências em educação e crescimento social de crianças. A UNICEF se apressou em retirar o estudo do ar e disse que era fake news. Não era. Não foi. O estudo estava lá. Disseminado em redes sociais. E afirmou que iria republicar o estudo em breve porque teria sido mal interpretado. Estariam de fato arrependidos ou estariam tentando passar uma mensagem de maneira mais subliminar e sutil? Sabemos que os moldes da educação ocidental estão há algum tempo sendo reconstruídos por órgãos educacionais suprapartidários internacionais como a ONU e a própria UNICEF, que criam bases para um tipo de educação mais sócio sentimental, de construção de uma identidade mais humanista e menos focada em conteúdos específicos.

Em tradução: mais formação pretensamente humanista e menos conteúdos pragmáticos como matemática, línguas, física, química etc; mais construção identitária, psicológica, de combate a preconceitos. Um Estado globalista – formado por estas instituições – que querem unir projetos em nome de uma sociedade melhor. Pretensamente melhor. A criança aprende mais sobre revolta contra injustiças sociais sexuais e identitárias do que sobre fatos concretos da vida. Até o ensino de história passa a ser readequado em moldes identitários progressistas. Se Bach foi um grande músico, a história passa a ser contada do ponto de vista de seus privilégios. Sua música sublime fica em segundo plano. Se um músico ruim da Uganda não foi aceito universalmente, teria sido por preconceito eurocentrista. E por aí vai. É uma tentativa educacional de readequar a natureza humana a moldes mais pretensamente justos, socialmente, historicamente etc. Complicado, uma vez que a natureza humana e distribuição de virtudes, bem como acasos, é intrinsecamente injusta e aleatória. E esta suposta justiça passaria por uma readequação de ordem sexual também. Aí o caldo entorna mais.

Uma educação sexual passa pelo quê? A princípio, quebra de preconceitos. Contra homossexuais, transexuais, contra machismos supostamente estruturais, categorizações binárias entre homens e mulheres, a favor de uma liberdade sexual mais ampla e contra abusos. No discurso, tudo ok. Mas na prática, até agora, o que temos é uma confusão que mistura abobrinhas como a ideologia de gênero que diz que toda diferença entre homens e mulheres é construção cultural (leia-se: que não existe coisa de menino ou menina), ou que quase toda forma de flerte pode ser considerada um assédio sexual. Que crianças não devem sofrer nenhuma censura na sua construção de identidade sexual, inclusive o consumo de pornografia. Confunde-se tudo. Liberdade com libertinagem, respeito à diferença com apologia à falta de diferença biológica entre homens e mulheres, apologia narcísica ao corpo, separação de sexualidade de afeto. Demoniza-se o homem heterossexual branco como símbolo de opressão sexual, faz-se quase uma apologia aos homossexuais como símbolo de liberdade e opressão do padrão heteronormativo. Não se ajuda a formar uma identidade afetiva mas meramente sexual do oprimido a ser libertado antes mesmo da criança saber o que é opressão.

O resultado se vê por aí: uma geração livre sexualmente, mas confusa com o que fazer com sua liberdade sexual. Com relações líquidas e frugais, mas sem nenhum comprometimento em construir uma relação mais sólida no mais das vezes. Que se coloca o tempo todo como em permanente abuso, em permanente autorreferência narcísica dos próprios desejos e vontades. O estudo censurado pela própria UNICEF traduz a confusão do órgão em torno das  próprias bases. Há uma abissal diferença entre erotismo e pornografia. O erotismo pressupõe a junção entre o afeto, a identidade pessoal, o desejo responsável e o sexo. A pornografia se resume à objetificação do desejo, ao aspecto carnal – de submissão, de poder, mesmo de anulação da liberdade da pessoa em escravização ao seu desejo. E o desejo é sempre apreendido por imitação pelas crianças. Imitação de comportamentos, de posturas, de formas de desejar. A sexualidade sem uma construção moral da pessoa frente à formação de seu desejo vira um transtorno de desejo. A pornografia é a tradução deste transtorno. Incestos, agressões, orgias, sadomasoquismo.

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