AI denuncia que Paquistão já executou 100 pessoas após suspender moratória
Londres, 28 abr (EFE).- A organização humanitária Anistia Internacional (AI) qualificou nesta terça-feira de “marco vergonhoso” ao qual o Paquistão chegou com a execução do condenado número cem desde que foi suspensa, em dezembro, a moratória sobre a pena de morte.
Munit Hussain, que foi condenado à morte pelo assassinato de seu sobrinho e de sua sobrinha, foi executado na manhã desta terça-feira na província de Punyab, no leste do Paquistão, acrescenta AI.
“Chegar a este marco tão vergonhoso em apenas quatro meses mostra que as autoridades paquistanesas não têm respeito algum pela vida humana”, disse o subdiretor para a Ásia Pacífico de Anistia, David Griffiths.
“Além disso, em muitos casos, os julgamentos no Paquistão não cumprem com as normas mínimas estabelecidas pelo direito internacional”, sustentou.
O Paquistão tinha imposto uma moratória sobre a pena capital em 2008; no entanto, em dezembro de 2014, após o ataque talibã a uma escola, na qual morreram 148 pessoas -132 delas crianças-, o país suspendeu parcialmente essa moratória.
Em 17 de dezembro, o governo decidiu levantar completamente a moratória e voltar a aplicar a pena capital a todos os tipos de réus.
“Os delitos graves, como assassinato ou atos de terrorismo, são totalmente reprováveis, mas matar em nome da Justiça não tem nenhum efeito dissuasório”, declarou Griffiths.
“Os que cometem delito devem ser processados em julgamentos justos, mas sem chegar a recorrer à pena de morte”, acrescentou o subdiretor da organização com sede em Londres.
Calcula-se que cerca de oito mil pessoas estão no corredor da morte nas prisões paquistanesas por algum dos 28 crimes que contemplam a pena capital, entre eles assassinato, estupro e blasfêmia. EFE
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