A participação dos filhos de Bolsonaro na campanha eleitoral do pai

Eduardo foi afastado do processo, enquanto Carlos e Flávio têm funções definidas

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 23/02/2022 15h04
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ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Presidente Jair Bolsonaro sem máscara em evento Presidente Jair Bolsonaro deve buscar a reeleição em outubro deste ano

O presidente Jair Bolsonaro afasta o filho deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) da campanha eleitoral para evitar confusão. Tido como o filho mais rebelde, o presidente decidiu que Eduardo ficará fora das estratégias do comitê que trabalha pela reeleição, conforme mostra reportagem do jornal O Globo. Carlos e Flávio participarão ativamente da campanha eleitoral do pai. Eduardo, o deputado federal, é visto como o mais radical dos irmãos, o que representa um perigo numa campanha eleitoral. Bolsonaro entendeu que o melhor é evitar situações negativas. Os aliados dizem que, sem Eduardo, Bolsonaro não se preocupará em ser inflamado pelo filho na eleição. 

Já o filho senador Flávio Bolsonaro (PL) é apontado o ponto de equilíbrio e o principal estrategista do pai. Já está coordenando os trabalhos junto ao presidente do PL, o mensaleiro Valdermar da Costa Neto, e ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, do PP. O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) já tem sua função definida pelo pai presidente na campanha eleitoral: continuará tomando conta das redes sociais, como fez em 2018. Mesmo que Bolsonaro contrate um marqueteiro, como deseja o comitê da reeleição, Carlos continuará dando as ordens e supervisionará todas as plataformas virtuais da campanha, não importando a opinião do marqueteiro, caso seja mesmo contratado. Caberá a Eduardo a função de puxar votos para o pai, disputando a Câmara Federal por São Paulo e esperando conquistar o número de votos que obteve em 2028, o deputado mais votado no Brasil, com 1,84 milhão de votos. 

Mas ninguém pode dizer com certeza que isso se repetirá, porque o governo, o presidente e os filhos se desgastaram demais com problemas de toda ordem, especialmente no que diz respeito à pandemia, que foi sempre tratada até com deboche. Mas como o povo esquece fácil, quem sabe Eduardo Bolsonaro consiga repetir a soma de votos da eleição anterior. O grande problema de Eduardo, o afastado da campanha, é que ele costuma inflamar os discursos do pai, fazendo aumentar a rejeição. Eduardo era muito próximo de Olavo de Carvalho, que faleceu recentemente, e do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além da ala mais conservadora dos aliados de Bolsonaro, esses que gostam de tratar dos assuntos no grito e na porrada.

Bolsonaro quer evitar esse clima. Não se sabe, ainda, se ele caiu na real. Não, isso não. Bolsonaro não cairá na real nunca. Para complicar, Eduardo era muito amigo do ex-ministro Abraham Weintraub, que se tornou adversário e também inimigo de Bolsonaro. Nesse caso, Eduardo se corrigiu e rompeu com Weintraub, dizendo que não iria mais engolir sapos. Menos mal. Bolsonaro, o pai, gostou da atitude do filho. Eduardo é acusado de minar a relação do pai com a imprensa e sempre atacar as instituições do país, além de questionar a lisura das urnas eletrônicas e se colocar declaradamente como antivacina. 

Os aliados desejam que o presidente não esteja irritado na campanha. Os auxiliares mais próximos estão tentando fazer Bolsonaro se vacinar. Afirmam que seria um gesto importante neste momento difícil que o país enfrenta e também para a campanha. Bolsonaro ainda não decidiu. Já disse, aliás, que quando o último brasileiro se vacinar e tiver uma vacina sobrando ele se vacinará também. Claro que não se deve levar isso a sério. No final, tudo isso é conversa. A campanha eleitoral será uma guerra, bem como os debates. E haverá problema sério no país mesmo depois da eleição. Caso Bolsonaro perca a eleição presidencial, as trincheiras já estão construídas.

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