Agora socialista de carteirinha, Alckmin inicia novo capítulo de sua história a partir desta quarta

Magoado com o PSDB, ex-governador de São Paulo se filia ao PSB, um partido com muita tradição na esquerda, para se aliar a Lula, um dos piores políticos do país

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 22/03/2022 14h32
Reproudção/Instagram/@geraldoalckmin_ Vestido com trajes sociais e usando óculos, Alckimin bate palmas O ex-tucano Geraldo Alckmin se filiará nesta quarta-feira ao Partido Socialista Brasileiro

O socialista Geraldo Alckmin vai assinar a ficha de filiação ao PSB nesta quarta-feira, 23. Alckmin demorou para decidir de vez o seu futuro. Não se vira socialista assim de repente. O vice na chapa de Luiz Inácio da Silva já está com outro discurso, bem diferente daquele que usava quando estava no PSDB, um partido que fala muito e nunca diz nada, que nunca se decide diante das questões brasileiras e vive fugindo pela tangente.  O socialista Alckmin saltou dessa inércia para um partido de luta. O Partido Socialista Brasileiro tem história. Muita história, desde sua fundação, no fim do Estado Novo, quando um grupo de intelectuais de esquerda começou a se reunir pensando em novas ideias. Fundado em 1947, seu primeiro presidente foi João Mangabeira, nome que dispensa comentário na esquerda brasileira.

O socialista Geraldo Alckmin, no entanto, está preparado para sua nova missão política no Brasil. “O tempo de mudança chegou!”, diz ele, acrescentando que conversou e ouviu muito antes de se decidir. Na sexta-feira, 16, declarou que “o momento exige grandeza política, espírito público e união”. O novo socialista brasileiro costuma citar uma frase do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que morreu num acidente de avião em 2014: “Não vamos desistir do Brasil”. A filiação significa que o PSB apoiará a campanha do PT, o que ainda estava incerto. Alckmin afirma que a política precisa enxergar as pessoas. Garante que não vai deixar ninguém para trás. A ordem é construir um país mais justo e pronto para o enfrentamento dos desafios que estão só começando.

O socialista Alckmin permaneceu no PSDB por 33 anos, do qual saiu depois de uma rasteira baixa de alguns adversários dentro do partido. Saiu com aquela sensação de desmoralizado. Já teve discussões sérias com Lula, com insultos e ofensas que fugiam até do universo político. Mas Lula é esperto. Foi buscar no ex-adversário o vice para sua chapa, acalmando aqueles que querem vero petista de longe devido aos escândalos de corrupção em que se envolveu quando foi presidente da República. Nunca se roubou tanto no Brasil. Mas no Brasil existe o STF, que sempre livra a cara dos grandes bandidos do país.

O socialista Alckmin vai assinara a ficha do PSB, mas no PT muitos dirigentes não o aceitam como vice de Lula. A ex-presidente Dilma Rousseff, por exemplo, está cansada de dizer a Lula que Geraldo Alckmin não é confiável. A cerimônia de assinatura será uma grande festa, e o ex-governador será apresentado como um “grande progressista”. Muitos tucanos participarão da solenidade de gala. Lula, por seu lado e sua esperteza, afirma que deposita total confiança no novo aliado e que sempre teve com ele uma relação de respeito. “Vai ser bom para o Alckmin, vai ser bom para mim, vai ser bom para o Brasil”, diz. De alguma maneira, a filiação de Geraldo Alckmin no PSB tem um gosto de vingança contra aqueles que o derrubaram traiçoeiramente no PSDB. Alckmin começa uma nova história.

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