Barroso diz que o sete de setembro pode ‘mostrar o tamanho do fascismo’, mas será que é tão simples assim?

Em congresso, ministro afirmou que manifestações em favor de um candidato são de se respeitar, mas ataques às instituições são inaceitáveis

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 08/08/2022 13h16
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Antonio Augusto/Ascom/TSE - 29/11/2020 O ministro Luís Roberto Barroso dá entrevista coletiva em frente a um banner do TSE Ministro Luis Roberto Barroso participou do 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo, na última sexta-feira

O Sete de Setembro, neste ano, poderá medir o tamanho do fascismo no Brasil. O dia que comemorará o bicentenário da Independência será mesmo especial. Num país civilizado seria um dia de festa. Uma grande festa cívica. Seria. Mas não chegamos ainda a tal grau de civilização. Falta muito. O dia histórico mais parece uma guerra anunciada. E não faltam aqueles que falam em todos os lugares em tom de ameaças e provocações que este país não suporta mais. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, diz que neste ano o Sete de Setembro será decisivo para revelar o destino brasileiro, caso se transforme num dia de ataques às instituições. Em palestra no 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo, na sexta-feira, 6, Barroso observou que as manifestações em favor de candidatos fazem parte da democracia, mas se a data pregar o fechamento do STF e do Congresso Nacional, aí conheceremos o tamanho do sentimento antidemocrático que reina entre nós. Os fascistas brasileiros vão se manifestar nas comemorações. É a data perfeita para mostrar a cara.

A declaração foi feita por Barroso ao ser indagado se esperava ver violência nas eleições deste ano, como ocorreu nos Estados Unidos, quando o Capitólio foi invadido por apoiadores de Donald Trump, derrotado nas eleições de 2020. O ministro do STF afirmou, então, que é preciso separar as coisas: manifestações em favor de um candidato são de se respeitar, mas ataques às instituições são inaceitáveis. Pregar a destruição das instituições é fascismo. Nada tem a ver com a democracia. Atitudes assim terão de ser reprimidas. Barroso lembrou o Sete de Setembro de 2021, com aqueles discursos irresponsáveis sugerindo a invasão do STF e do Congresso. Houve muita pregação antidemocrática, raivosa mesmo e, no final, não aconteceu nada. E não aconteceu nada porque as instituições estão sólidas, o que ocorre, também, com os órgãos de segurança do país. Barroso deixou claro que não preocupa se as manifestações de Sete de Setembro servirem de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de um ato democrático. O que não pode é descambar para a arruaça que já se tornou comum no Brasil. Isso nem pensar.

Nessa palestra, o ministro Luís Roberto Barroso falou, também, sobre seu assunto predileto que, no fundo, tem a ver com toda a balbúrdia brasileira: as urnas eletrônicas. Citou o Datafolha que mostrou que 79% dos brasileiros confiam no processo eleitoral. Observou que apenas 20% dos eleitores não acreditam nas urnas eletrônicas, mas espera que esses sejam ainda convertidos. Disse sentir-se feliz com esse resultado, depois de mais de um ano de ataques diários do presidente Jair Bolsonaro e outros setores da sociedade que preferem levantar suspeitas. No entanto, quase sempre são essas minorias que conseguem desestabilizar o país. Barroso acredita que o Sete de Setembro é o dia preferido para os que defendem a balbúrdia. Por esse motivo, está com o pé atrás. Todo mundo fala em democracia em todo lugar, em todos os discursos, mas, no fundo, usam a própria democracia para propagar a violência e atos antidemocráticos. Sete de Setembro será o dia de medir o pensamento brasileiro. Será o dia que poderá revelar o tamanho do fascismo e quem, de fato, são os fascistas que não deixam o país em paz. Será que é tão simples assim?

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