Brasil vai na contramão de outros países, desacredita a vacina e trata a Covid-19 com descaso

Negacionistas fazem questão de não ver a baixa no número de mortes e infectados devido à imunização da população

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 08/11/2021 12h47 - Atualizado em 08/11/2021 14h53
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ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Profissional da saúde prepara dose de vacina para aplicação Segundo o Ministério da Saúde, 74% da população brasileira está vacinada com pelo menos uma dose

O Brasil está sempre na contramão. De repente, os negacionistas decidiram atacar em massa. Nunca se falou tão mal da vacina contra a Covid-19 e o uso da máscara como agora. Parece uma orquestração. São pessoas que fazem questão de não ver a baixa no número de mortes e infectados devido à vacinação. O Brasil faz mesmo questão de andar na contramão. Enquanto outros países prestigiam a vacinação para barrar a Covid, o Brasil vai em sentido contrário, desacreditando a vacina e ainda tratando a doença com descaso, como tem sido desde o início, contando com mais de 600 mil mortos. Mas esse número passa batido por alguns indivíduos que pouco se lixam para vida humana. A ala bolsonarista já apresentou 29 projetos de lei para inviabilizar a obrigatoriedade da vacina. Não é brincadeira: 29 projetos. Mas, apesar desse autoritarismo, a população demonstra que quer se vacinar em nome de sua vida. E luta pela vacina para imunizar-se.

Por incrível que pareça, essa vontade do povo desagrada o governo. Se for pelo governo, ninguém se vacinaria contra nada. Esse é pensamento do Palácio do Planalto, que conta com o apoio do servil ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que está mais preocupado em atender aos desejos de seu chefe do que salvar vidas. O azar do Planalto é que grande parte do povo já perdeu a confiança no governo que cada vez mais se isola no mundo. Vai chegar num ponto em que teremos o governo brasileiro de um lado de um lado e o mundo inteiro do outro. Aliás, isso já está ocorrendo. A população busca a vacina pela vida e também porque grande parte de estabelecimentos começa a exigir prova de vacinação para entrar. Mas o movimento antivacina não para, continua com aquele discurso de ódio, incluindo nisso o combate ao chamado passaporte sanitário. Na verdade, são 29 projetos de lei tramitando nas 10 maiores Assembleias Legislativas do Brasil e na Câmara dos Deputados.

Quando eles falam aos gritos contra a vacina, fica aquela baba escorrendo da boca, tal a veemência que nunca demonstram na discussão de algum projeto que favoreça o país e sua população. Não. A baba está reservada só para a discussão contra a vacina. Mas o povo está acordando aos poucos para sentir na pele o governo que tem. O povo já descobriu que a pandemia vem caindo por conta da vacinação, fator determinante para a queda de mortes e hospitalizações dos infectados pelo vírus. Parece até que essa gente que faz as leis deseja ver novamente aquele quadro dramático de gente morrendo nos hospitais sem leito e sem meios de atendimento a tantos doentes. Para eles, mais 600 mil mortos nada significam. Os termos mais usados para os parlamentares que seguem Bolsonaro no combate à vacina são “apartheid sanitário”, “medida totalitária” e “ditadura nazista”, quando se referem à exigência de comprovante de vacinação para acesso em lugares públicos e privados. Vejam bem: “ditadura nazista”! Não é possível.

Melhor dizendo, esse tipo de discurso só pode vir de gente nazista. Não é à toa que estudos nas mãos da Polícia Federal revelam um aumento assustador de grupos neonazistas no país. As propostas contra a vacinação aumentam cada vez mais mês a mês. Em julho havia apenas 1 projeto. Em agosto subiu para 7. Em setembro, foram apresentados 9 projetos. Em outubro, mais 12. Somam hoje 29 projetos de lei contra a obrigatoriedade da vacinação, com muitas variações. Há projeto que simplesmente proíbe a vacina. As Assembleias Legislativas que mais apresentaram projetos com esse objetivo são as do Rio de Janeiro e São Paulo, e a seguir a Câmara dos Deputados. Todos são declaradamente contra a vacina, dizendo tratar-se de um medicamento ineficaz. Os parlamentares que apresentaram esses projetos afirmam que o poder estatal não pode interferir na liberdade individual das pessoas, o que está certo. Mas o que está ocorrendo agora no mundo e no Brasil é uma doença que mata e tem de ser combatida. E enquanto essa gente grita nas tribunas contra a vacinação, a imunização vem se acentuando. Na verdade, esses parlamentares e seu chefe supremo são de uma estupidez que assusta. E há quem diga que contra a estupidez não há remédio. E parece não haver mesmo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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