Cadê o Queiroz? Está livre como um passarinho e quer virar deputado

Apontado pelo Ministério Público como o operador financeiro de um caso de ‘rachadinha’, ex-assessor de Flávio Bolsonaro negocia sua filiação com quatro partidos

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 21/03/2022 15h08
Alexandre Brum/Estadão Conteúdo - 10/07/2020 queiroz-sai-da-prisao O ex-assessor Fabrício Queiroz deixa o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro

Fabrício Queiroz, lembram dele? Aquele da “rachadinha”? Então, ele está se articulando para ser candidato a deputado federal. Não é brincadeira. Evidentemente será eleito, mesmo sendo um fora da lei, conforme noticiavam as páginas policiais dos jornais e noticiário de rádio e televisão não faz muito tempo. E teremos mais um grande representante na Câmara dos Deputados. Queiroz, o pivô do caso das “rachadinhas”, que atingiu a família do presidente Bolsonaro, está com um destino risonho à sua frente. Ele tem participado ativamente de manifestações de policiais militares reformados e se reúne sempre com líderes de uma comunidade de agentes aposentados. E tem ainda se reunido com políticos para longas conversas.

Faz quase dois anos que as pessoas e a imprensa perguntam sempre: “Cadê o Queiroz?”. As respostas sempre vêm pelas redes sociais. Este é mesmo um país de faz de conta. Fabrício Queiróz já está negociando sua filiação com quatro partidos. Legenda é o que não falta. Pode ser candidato à Câmara Federal ou à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi, por 12 anos, assessor de Flávio Bolsonaro (PL), hoje senador da República. Queiroz, na verdade, já está em campanha, com constantes viagens a Brasília e a São Paulo, com o apoio da família presidencial. O senador Flávio Bolsonaro, por exemplo, já lhe disse: “Você é ficha limpa, vai à luta!”, incentivando a candidatura, observando que Queiroz tem uma carreira brilhante na Polícia Militar do Rio de Janeiro e se tornou famoso. 

Amigo da família de Bolsonaro desde 1984, Queiroz foi apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como o operador financeiro da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio. Chegou a ficar preso por um mês em regime fechado e outros oito meses em prisão domiciliar para não interferir nas investigações. É acusado de ter desviado cerca de R$ 6 milhões dos funcionários do gabinete do então deputado Flávio. Mas todas as provas foram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Voltou tudo à estaca zero. 

Queiroz está como um passarinho. Resolveu desaparecer. Ninguém sabia do Queiroz. Só surgiu na manifestação golpista de Sete de Setembro de 2021, vestindo uma camisa da seleção brasileira de futebol. Ele está decidido: quer ser deputado e não espera ter o apoio declarado da família do presidente. Há alguns meses, usa as redes sociais com vídeos intitulados “Tribuna do Queiroz”, na qual ataca adversários e comenta os fatos políticos, dizendo sempre que não é um canalha e que nunca cometeu crime nenhum. No momento mais grave das acusações, ele foi levado para a casa do advogado da família Bolsonaro, Fredereck Wassef, em Atibaia, São Paulo, onde permaneceu escondido de todo mundo por mais de um ano. E o advogado, por várias, vezes disse à imprensa que não sabia de Queiroz.

Tudo gente boa. Ninguém deve ter dúvida: Fabrício Queiroz será eleito. Tornou-se famoso, está sempre rodeado de amigos e nada tem com a Justiça. Só falta escolher o partido. Será a nova Excelência da Câmara dos Deputados. Um parlamentar que vai honrar o cargo que passará a ocupar. E com foro privilegiado. O Brasil é mesmo uma maravilha. E põe maravilha nisso!

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