Coronavírus tornou-se um vírus político entre países e até dentro do Brasil

Além do desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, há necessidade, também, da criação de um imunizante contra a irresponsabilidade

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 18/10/2020 08h00
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EFE/EPA/RONALD WITTEK Existem mais de 160 pesquisas sendo trabalhadas em várias partes do mundo com o objetivo de desenvolver uma vacina contra a Covid-19

Ando meio assustado com as coisas do coronavírus no mundo. Estive em Portugal há pouco tempo e saí de lá correndo. Se é para ficar doente, que seja no Brasil. Aqui sempre se dá um jeito. Desde então, tenho mergulhado na minha casa numa quarentena que não tem fim e todo mundo falando em vacina. Eu estou tomando todas as vacinas que aparecem por aí para qualquer coisa. Apareceu uma vacina, vou logo ao posto de saúde para tomar: “Senhor, mas esta não é para o coronavírus!”. “Não faz mal, minha senhora, aplica!” Nove países estão desenvolvendo vacinas contra o vírus chinês. Muitas já foram testadas em humanos. Esses caras são heróis. Mas nem todas as vacinas estão na etapa final. Está havendo uma corrida sanitária pela imunização, como na Guerra Fria para saber quem ganharia espaço primeiro, a Rússia ou os Estados Unidos. A Rússia saiu na frente e seu cosmonauta Iuri Gagarin disse lá de cima uma frase poética: “A Terra é azul”. Mas isso não tem nada a ver.

O Reino Unido, a China e os Estados Unidos já estão na última fase da corrida. Fora isso, existem 164 pesquisas sendo trabalhadas em várias partes do mundo, com esperança de que terminem logo antes que o mundo acabe. Correndo por fora, estão a Índia, a Austrália e a Alemanha, e ainda a Rússia e o Japão. Há também estudos em cooperação internacional com vários países liderados pelo Instituto Internacional de Vacinas, com sede na Coreia do Sul, mas organizado pela ONU. Duas vacinas mais avançadas estão sendo testadas no Brasil, a inglesa da Universidade de Oxford e a chinesa Sinovac. O Instituto Butantan, de São Paulo, também participa disso tudo, como parceiro do laboratório chinês. São Paulo já assinou acordo para comprar 46 milhões de vacinas. E o Brasil está contando com 140 milhões no primeiro semestre de 2021.

Na verdade, o coronavírus tornou-se num vírus político entre países e aqui dentro do Brasil, onde a doença foi sempre tratada com descaso pelo presidente Jair Bolsonaro. Há necessidade, também, da criação de uma vacina contra a irresponsabilidade. Bolsonaro chegou a dizer a um jornalista no cercadinho em Brasília que, se ele testasse positivo certamente morreria, porque era um “bundão”. O jornalista não respondeu. Então estamos assim: Mais de 150 mil “bundões” brasileiros morreram até agora. Infelizmente. Mas Bolsonaro continua com sua ladainha. Sei que não tem graça nenhuma e até é de mau gosto, mas eu acho que a vacina chinesa é o fim da picada.

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