Em busca de vingança contra Doria, Alckmin corre o risco de manchar sua biografia
Traído pelo PSDB, o honesto ex-governador parece disposto a emprestar sua credibilidade a Lula, esquecendo-se de tudo o que o PT já fez
Afinal, qual é a do ex-governador Geraldo Alckmin? O que, afinal, Alckmin quer da vida. Pelo que se sabe, sempre foi um político decente e, de repente, se vê envolvido com Luiz Inácio da Silva, preso por corrupção e solto por uma manobra esperta do Supremo Tribunal Federal. Tudo dá a entender que Alckmin quer jogar sua vida no lixo ao ceder ao assédio de Luiz Inácio. E parece que está gostando disso. De acordo com as pesquisas para o governo do Estado de São Paulo, o ex-tucano se elege facilmente, especialmente, convém repetir, porque sempre foi um político honesto, não foi ladrão. Lula, o esperto, quer ter Alckmin ao seu lado para dar à chapa um ar de credibilidade. O petista tem dito em todos os lugares que nunca teve problema com o ex-opositor quando era presidente do país. Pelo contrário. Sempre se deram bem de forma cordial e civilizada.
Parece não ser muito verdadeira essa afirmação, ao saber-se que, fundamentalmente, o PT nada tem de cordial e de civilidade. Lula observa que se, por um acaso, alguma vez houve algum problema, foram coisas esquecidas imediatamente. Já Geraldo Alckmin tem afirmado que falta pouco para bater o martelo e ser o vice de Luiz Inácio em 2022. Desligado do PSDB, partido que o traiu de maneira covarde, Alckmin está livre, solto e tem o direito de fazer o que bem desejar. A ferida deixada pelos tucanos não vai fechar assim tão facilmente como pensam alguns. O golpe da traição deixou marcas. Foi vergonhoso. Isso prova que é tudo um jogo de esperteza.
Alckmin confessa que, na verdade, preparou-se para ser governador de São Paulo mais uma vez, mas surgiu essa possibilidade federal, o que lhe interessou. Mas algo assim, de tal importância, não se decide do dia para a noite. São necessárias muitas costuras para concretizar uma ideia. A hipótese de ser o vice na chapa de Lula está caminhando bem. Afirma sentir-se honrado pelo interesse de Luiz Inácio da Silva. Observa que a política tem de ser feita com civilidade, que é preciso resgatar a boa política que se perdeu e que a política honesta, em todos seus princípios, tem de respeitar a democracia. E, por incrível que pareça, Luiz Inácio teria todas essas características. Será que Alckmin ficou louco? Lula, pelo contrário, não tem nada disso. Tem é muita conversa e enganação.
Luiz Inácio pelo menos está sendo franco nessa parada. Afirma que quer Alckmin como vice porque deseja ganhar a eleição. Lula e Alckmin têm conversado muito sobre o assunto. Acredita-se que o acordo já esteja feito. Lula diz que espera vencer a eleição contra a “anomalia fruto do ódio” que é Bolsonaro. Geraldo, por seu lado, demonstra que aceitar o convite para ser o vice do PT terá um significado bastante especial para ele, porque representará uma vingança contra o governador João Doria, o ex-aliado que se tornou inimigo pelo poder.
Sem caminhos pela frente, o ex-governador deixou o partido e ainda estuda as propostas de outras siglas. Agora, com a possibilidade de ser vice de Lula, a vingança será total, já que João Doria nunca se firmará com terceira via, como dizem os meios políticos. O perigo é Geraldo Alckmin se misturar com uma gente que não presta, envolvido com o PT, sem generalizar. Lula não é bobo. Ter Alckmin em sua chapa, como vice, lhe dará credibilidade. Convém sempre lembrar que o ex-tucano poderá ser governador de São Paulo, disputando o cargo por qualquer partido que se filiar. Mas tudo indica que aceitará ser o vice de Lula. Pelo menos é o que se deduz até agora. Só não será vice de Luiz Inácio no caso de surgir um fato novo que altere todo esse cenário.
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