Escolha do vice de Bolsonaro ainda vai dar o que falar, já que o presidente gosta de alimentar intrigas

Nome de Braga Netto já era dado como certo, mas agora existe a possibilidade do chefe do Executivo escolher Tereza Cristina ou Damares Alves para disputar a reeleição com ele

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 20/06/2022 15h11
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FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO General Braga Netto discursando General Braga Netto é um dos cotados para ser candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022

O ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, é aconselhado por assessores mais próximos a iniciar uma agenda pelo país, se não quer perder a chance de ser o vice do presidente Jair Bolsonaro. O general achou que seu nome já estava acertado, mas errou no cálculo. No Brasil nunca nada está acertado. De repente, começou-se a falar no nome da ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP). Ela sim seria uma bela vice na chapa do presidente. E o nome dela cresceu. Agradou. Agradou inclusive o presidente. Mas isso não conta, porque ele muda de ideia a todo momento. O nome da ex-ministra assustou o general. Os amigos pedem que ele viaje com agenda própria por todo o país e tenha contato especialmente com empresários ligados à Educação e ao Meio Ambiente, os setores em que o governo está sempre perdido, até porque o governo não tem interesse nenhum em agir como se deve nessas áreas. 

Faz tempo que Bolsonaro anda dizendo que seu nome preferido para vice é o de general Braga Netto. E o general acreditou. E andava por aí posando de vice, saltitante e feliz da vida. Mas aí surgiu o nome de Tereza Cristina. O mundo caiu na cabeça do general. Claro que ele nada comentou com o presidente. Ele é general, mas não é louco. Fechou-se. Nem uma palavra. Agora é quase certo que vai começar a viajar pelo país para garantir o seu futuro. Tudo indica que Bolsonaro decidiu dar a vaga ao PP, do Centro, atendendo ao pedido de seu filho, senador Flávio Bolsonaro (PL), que lidera a ala política da campanha do pai presidente junto com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e pelo ministro da Casa Civil, correligionário da ex-ministra, Ciro Nogueira. Eles enfiaram na cabeça de Bolsonaro que Tereza Cristina é muito melhor que o general Braga Netto e ajudará nas eleições a somar votos do eleitorado feminino. Disseram a Bolsonaro que Tereza Cristina tem trânsito livre em praticamente todos os setores da vida nacional, bem diferente de Braga Netto, que é um nome distante especialmente do Congresso e particularmente das lideranças partidárias. 

Se o convite for feito, Tereza Cristina vai correndo, abrindo mão de sua candidatura ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, com a certeza de ser eleita. Bolsonaro vai alimentando as condutas alheias, como num teatro de bonecos. Diz que o nome de Tereza Cristina é “cotadíssimo” para ser vice em sua chapa. Mas tem mais: agora alguns responsáveis pela campanha acham que o nome certo, certo mesmo, é o da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. Ao ser lembrada, Damares se emocionou e já tem até um lema para a campanha, sendo a vice do presidente: “Deus, Pátria, Família e Liberdade”. E Bolsonaro vai dando corda a todo mundo. Tem alguém mais interessado em ser vice do presidente? Ele está aceitando qualquer nome. É hora de aproveitar. Então o general Braga Netto vai viajar pelo Brasil para se cacifar; Tereza Cristina fica na espera em silêncio e sem comentar o assunto; e Damares parece ungida por uma graça divina. Já Bolsonaro continua sua vidinha de sempre, criando caso com todo  mundo. Pelo que se vê, a escolha de seu vice vai dar ainda muito o que falar. Bolsonaro gosta de alimentar intrigas.

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