Esposas de presidenciáveis são peças importantes na campanha eleitoral

Janja, mulher de Lula, e Giselle, mulher de Ciro, participam ativamente das campanha de seus maridos, enquanto Michelle Bolsonaro aparece de vez em quando, mas fez discurso importante no evento que oficializou a candidatura do presidente à reeleição

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 10/08/2022 10h04
FAUSTO MAIA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO Michelle e Bolsonaro Michelle Bolsonaro durante o evento que oficializou a candidatura do presidente à reeleição pelo PL

Esposas de presidenciáveis saem à luta em companhia dos maridos. Estão aí para o que der e vier. E a luta é bruta. De alguma maneira, essas mulheres suavizam um pouco esse ambiente árido do vale tudo. Certamente, o objetivo é passar para o eleitor a ideia de família. Seja como for, os candidatos estão fazendo seus discursos com a esposa ao lado. Só falta a senadora Simone Tebet (MDB) apresentar o marido, mas não é preciso, só sua figura basta para embelezar esses palcos tantas vezes aviltados por mentiras. Simone é uma mulher batalhadora e tem de lutar contra aquele machismo brasileiro que alguns jogam sobre ela. O candidato do PDT, Ciro Gomes, só sai em companhia da esposa Giselle Bezerra, que tem a função de rebater as críticas que o marido recebe dos adversários. Ela garante que Ciro não é “destemperado” como dizem os adversários. Diz que, na verdade, ele é, sim, um indignado com a situação brasileira atual, ressaltando o respeito que ele tem pelas pessoas. Giselle assegura que seu marido é um conciliador e que ninguém conhece o Brasil como ele. Observa que Ciro respeita o povo e que seus adversários cultivam um desrespeito absurdo dentro de uma política rasteira. “É sujeira, é humilhação, é enojante”, diz ela, reforçando não compreender como o marido suporta tudo isso.

Luiz Inácio da Silva tem a Janja, Rosângela Silva, com quem casou-se recentemente. Janja tem acompanhado o marido nas viagens que tem feito pelo Brasil. De sua pauta constam o direito dos animais e a participação da mulher na política. Ela é filiada ao PT desde os 17 anos de idade. Janja se apresenta nas redes sociais como “petista de carteirinha”. Foi ela quem apresentou, no lançamento oficial da candidatura, o jingle “Lula lá”, numa nova versão cantada por vários artistas. Muita gente no PT não gosta de Janja, porque ela dá muito palpite na campanha eleitoral. No PT, alguns afirmam que as declarações mais desastrosas de Lula foram ideia dela, como aquela em que Lula meio alucinado defendeu o aborto. A verdade é que Janja se tornou a principal conselheira de Lula. Aliados de Lula vinham insistindo para que ele assinasse a Carta aos Brasileiros da Faculdade de Direito da USP, mas ele resistia. Até que Janja entrou na história. Lula assinou a Carta e ela também, falando da oportunidade daquele documento para o Brasil que parece perdido nas mãos de alguns aventureiros.

O que não tem dado certo é a participação na campanha da esposa do presidente, Michelle Bolsonaro. Michelle se negou a gravar as inserções para o rádio e a televisão em favor do marido e evita sempre estar com ele nas cerimônias oficiais. De vez em quando Michelle aparece, mas só de vez em quando. No entanto, sua participação não tem surtido os efeitos esperados. Os marqueteiros da campanha desanimaram. Praticamente não contam mais com ela, mas quem manda é o marido. Sua função principal seria aproximar Bolsonaro dos evangélicos, especialmente das mulheres evangélicas, que se afastaram em grande parte devido ao comportamento desastrado do presidente, que não mede as consequências de suas ações. Seja como for, a primeira-dama discursou na convenção do PL que oficializou a candidatura de Bolsonaro, dizendo que reeleição não é um projeto de poder. O discurso de Michelle na oportunidade contou com inúmeras citações da Bíblia. Chorando, ela foi a única a discursar além do marido. Michelle tentou desconstruir a imagem de que o presidente não gosta das mulheres, não é aquele machão, imagem que ele mesmo criou nas suas manifestações. O final do discurso foi um longo beijo na boca entre os dois. Michelle deixou no ar que Bolsonaro é um enviado divino para governar o Brasil. A primeira-dama tem sido pressionada a participar mais da campanha. O núcleo político do presidente ainda acredita que ela vai mudar e ajudará, especialmente na televisão. Não se sabe ainda se aceitará. O que se sabe é que a figura das esposas dos presidenciáveis é uma peça de muita importância na campanha eleitoral. Nos três casos citados na coluna, a Giselle de Ciro e a Janja de Lula foram à luta. Falta Michelle resolver. É uma mulher agradável. Evidentemente, abrandará um pouco a fúria do marido.

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