Guerra entre Bolsonaro e TSE tem tudo para acabar mal

Presidente da República vem fazendo diversas alegações de que as urnas eletrônicas não são seguras; para o Tribunal, ele só quer tumultuar

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 14/02/2022 12h20
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Antonio Augusto/Ascom/TSE - 29/11/2020 O ministro Luís Roberto Barroso dá entrevista coletiva em frente a um banner do TSE Luís Roberto Barroso, atual presidente do TSE, está insatisfeito com as críticas de Bolsonaro às urnas eletrônicas

O presidente Jair Bolsonaro (PL) prepara grande ofensiva contra as urnas eletrônicas durante a campanha eleitoral. Os assessores mais próximos no Palácio do Planalto asseguram que a campanha pessoal do presidente contra as urnas será contundente. Uma guerra. Bolsonaro não esquece essa questão. E voltará a ela durante a campanha, depois de sinalizar que tinha desistido. Não desistiu de nada. O presidente tem cobrado do Tribunal Superior Eleitor (TSE) respostas ao questionamento feito pelo Exército. Onde estão as respostas?  De acordo com o Poder Judiciário, a postura do presidente revela que ele já está com tudo pronto para atacar novamente, sem se preocupar com as informações técnicas sobre a votação. 

O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, já se antecipou e criticou Bolsonaro em reportagem do jornal “O Globo” publicada neste domingo, 13, dizendo que o presidente, em suas declarações, deixa subtendido que não respeitará os resultados das urnas, caso não seja reeleito. Afirma que as investidas contra as urnas eletrônicas revelam “limitações cognitivas e baixa civilidade”, enquanto favorece as milícias digitais, o que está sendo investigado pela Polícia Federal. Na sua live da semana passada, o presidente da República acabou com a trégua que vinha mantendo sobre o assunto. Vai atacar de novo. As perguntas ao TSE foram enviadas pelo general Herber Portella, que faz parte da comissão criada pelo governo pela transparência na eleição. Bolsonaro está com a corda toda. Vai desmoralizar as urnas eletrônicas e, se perder a eleição presidencial, o Brasil vai se transformar num inferno. 

Já o Tribunal Superior Eleitoral reagiu na sexta-feira, 11, às novas tentativas de Bolsonaro ao divulgar suspeitas contra as urnas eletrônicas. O Tribunal adiantou que recebeu do Exército questionamentos sobre a natureza técnica do funcionamento do sistema eleitoral e que as respostas contradizem Bolsonaro, que insiste dizer quer as Forças Armadas encontraram “dezenas de vulnerabilidades” no funcionamento das urnas de votação. E, por isso, anda agora por aí fazendo novas acusações indevidas e já criando um clima tenso numa campanha que ainda nem foi iniciada. Na sua live, Bolsonaro afirmou que o pessoal do Exército, especializado na guerra cibernética, encontrou “dezenas de vulnerabilidades”, no funcionamento das urnas. O governo, então, decidiu oficiar o TSE cobrando mais esclarecimentos. Bolsonaro adianta que o prazo para a resposta já passou. Está todo mundo em silêncio.

O Tribunal não cita o nome de Bolsonaro, mas afirma que as declarações que estão sendo feitas não correspondem aos fatos nem fazem qualquer sentido. A Justiça Eleitoral informa que o representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral protocolou os questionamentos próximo ao recesso de fim de ano, quando os profissionais do setor fazem uma pausa no trabalho. Terminado esse período, o conteúdo começou a ser elaborado e será encaminhado nos próximos dias. O teor disso tudo é sigiloso, mas sabe-se que o Exército quer saber onde ficam armazenadas as urnas eletrônicas antes da distribuição aos locais de votação, quais são as pessoas que têm acesso a elas e como e onde é feita a totalização dos votos. Convém lembrar que as Forças Armadas sempre prestaram apoio logístico e segurança à votação. Mas Bolsonaro não quer saber dessa conversa. A nova ofensiva contra as urnas eletrônicas vai começar. E será dura. Caso Bolsonaro não seja reeleito, o Brasil se transformará num campo de guerra. Não vai ser fácil. E essa nova guerra está prestes a começar. Tem vaga para reféns. 

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