Lula de volta, milhões com fome e um país sem rumo: 2021 já vai tarde, mas não espere muita coisa do próximo ano

Nos últimos 12 meses, um grande ladrão da nação voltou (e vai até se candidatar), o governo cometeu desmandos em relação à pandemia, Amazônia foi devastada e famílias sofreram sem ter o que comer

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 30/12/2021 15h27 - Atualizado em 30/12/2021 15h36
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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 29/12/2021 Relógio de rua na cidade de São Paulo exibe a mensagem Felice Anno Nuovo, que significa Feliz Ano Novo em italiano Relógio na cidade de São Paulo exibe mensagem de feliz Ano Novo em italiano

Dois mil e vinte e um acabou. Já vai tarde. O que nos deu esse ano que finda? Rigorosamente, só muita tristeza, a começar pelo comportamento deplorável dos que dizem governar este país. Para mim, particularmente, jornalista profissional a vida inteira — embora tenha duas outras formações acadêmicas e mestrado em uma delas, na área de letras —, foi um ano de profundas decepções. Especialmente por causa de um jornalismo de envergonhar a profissão. Muitos se transformaram em abutres do negacionismo e do caos, espalhando palavras que só podem ser fruto de uma mente perturbada. Mas estão por aí, criando profundas incertezas na população, que muitas vezes não sabe mais a quem recorrer ou acreditar.

O ano termina com a grande glória do presidente da República comunicar ao país que não vacinará sua filha de 10 anos, um excelente exemplo do considerado chefe da nação, que sempre primou em desacreditar tudo, preferindo passear de moto e jet-ski nas belas praias brasileiras ou no Lago Paranoá, em Brasília. Dois mil e vinte um já vai tarde, muito tarde. E é uma pena que não leve com ele muitos personagens que ocupam o palco deste teatro em que parece que vivemos há séculos. Estão sempre nos seus postos. Restou-nos, deste ano, o desaparecimento da luta de combate à corrupção. Os ladrões da nação estão livres e soltos, agindo com tranquilidade, um deles é até candidato à Presidência da República, com chances de vencer as eleições de 2022. O grande corrupto foi solto por uma manobra indecente do Supremo Tribunal Federal, que se mete em tudo. Pensando bem, se não tem governo, alguém tem de governar. O STF tomou para si a decisão dos grandes problemas nacionais, às vezes com medidas assustadoras. Restou-nos esse lixo.

Dois mil e vinte e um nos fez acordar para uma triste realidade de um país sem rumo e sem governo sério, em que o que vale mesmo é a frivolidade e o mau-caratismo, medidas esdrúxulas tomadas única e exclusivamente para criar situações que, muitas vezes, serviram somente como uma nuvem de fumaça para encobrir ou esconder algum escândalo maior. O ano deixou-nos no ar aquele cheiro de golpe, a perspectiva de chegar em 2022 entre Lula e Bolsonaro. O petista um ex-presidiário preso por roubar, que admira grandes ditadores do mundo e que tem a Venezuela como exemplo de democracia. Dois mil e vinte e um deixou-nos a fome de mais de 20 milhões de pessoas, o desemprego de quase 15 milhões de brasileiros, a floresta da Amazônia devastada por verdadeiras quadrilhas que agem com plena liberdade e um Brasil chamado de terra de maricas, os que têm medo da Covid-19.

Dois mil e vinte e um. Deu-nos os desmando do governo no que diz respeito à pandemia, sempre com decisões na contramão do mundo, ditadas por um presidente da República que faz questão de demonstrar que não ama seu povo, seguido de perto por um arremedo de ministro da Saúde, servil, subserviente preocupado apenas em garantir seu cargo no governo, não com a vida dos brasileiros. Dois mil e vinte e um nos deixou no ar ideias e atitudes nazi-fascistas e esse novo inimigo, o negacionismo dos mentecaptos atormentados mentais. E, já no final deste ano que termina e já vai tarde, surgiu a questão da vacinação de crianças de 5 a 11 anos, rechaçada imediatamente pelo presidente, como fez na ocasião em que surgiu o coronavírus, na qual fez questão de desacreditar tudo que envolvia o combate à doença, atrasando as medidas necessárias em quase um ano, produzindo mais de 600 mil mortes de pessoas que não tinham sequer onde morrer, muitas vezes nas calçadas dos hospitais.

Restou-nos a grandeza de uma classe, os  profissionais da saúde, que se entregaram de corpo de alma ao trabalho de salvar vidas e, ao mesmo tempo, combater as mentiras de um governo obscurantista que, algumas vezes, participou de manifestações antidemocráticas. A democracia incomoda essa gente. A democracia incomoda os jornalistas abutres que torcem sempre pelo pior e narram nos veículos de comunicação a matéria fedida que têm na mente. O ano termina, felizmente para todos nós. Há muito mais fatos que poderiam enriquecer de tristeza esta coluna. Mas nem convém de lembrar, de tão escabrosas. Dois mil e vinte e um já vai tarde, mas não esperemos coisa melhor para 2022. Não. Não vamos cair nesse engodo. Ano de eleição presidencial, há muito por acontecer ainda nesse vale tudo de um país que não conhece nada de civilização e vive ao Deus dará.

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