Ministério da Saúde vira palanque eleitoral para a candidatura de Queiroguinha, o filho do ministro Queiroga
Antonio Cristõvão Neto acompanha o pai em eventos oficiais, até fala em nome do chefe da pasta e não vê nada errado nisso
Vamos deixar claro: o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nunca foi um ministro da Saúde na acepção correta da palavra. Na verdade, nunca passou de um servil. Seu comportamento na pandemia, e em relação à vacinação, foi constrangedor. Pois o ministro continua no seu posto, apesar das críticas da sociedade, ignoradas pelo governo. No seu posto, sempre servil, ele quer chupar até a última gota de sangue do governo que possa favorecê-lo em alguma coisa. Inicialmente, Queiroga informou que deixaria o Planalto porque seria candidato no seu Estado, a Paraíba. Depois, desistiu, mas a história não termina aí. Eu seu lugar, o candidato à Câmara Federal será seu filho Antonio Cristõvão Neto, também conhecido por Queiroguinha. Na verdade, o filho tem mesmo cara de Queiroguinha, pois a desfaçatez do ministro não tem medida. Para ajudar o filho, que já está em campanha, o ministro-pai tem levado Queiroguinha a eventos do governo, tentando, de alguma maneira, tirar proveito disso. Queiroguinha comparece com o pai especialmente em eventos em que o Ministério da Saúde anuncia a liberação de recursos para municípios da Paraíba. Queiroguinha é desinibido. Participa de tudo como se pertencesse ao governo.
Queiroguinha, filiado ao PL de Bolsonaro, tem 23 anos e é estudante de medicina. Nesses eventos do Ministério da Saúde, Queiroguinha senta-se sempre à mesa reservada às autoridades. Numa ocasião, o ministro Marcelo Queiroga não pôde comparecer. Foi então representado por Queiroguinha, que até discurso em nome do governo. Como algo assim pode estar acontecendo, como se tudo fosse normal? Onde está o governo, que não vê essa conduta de um ministro que continua ministro por seu interesse próprio. Soube agora que exatamente no dia 25 de abril, dez prefeitos da Paraíba se reuniram em São Bento, a 380 quilômetros de João Pessoa. O evento foi marcado para a assinatura de um convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão do Ministério da Saúde, que previa o repasse de R$ 5 milhões aos seus municípios. Mas, na última hora, os prefeitos foram avisados que o ministro Queiroga não estaria presente, mas que seu filho Queiroguinha o representaria na cerimônia e tomaria todas as medidas que fossem necessárias. Coube ao prefeito Jarques Lúcio (Cidadania) fazer a comunicação pelas redes sociais. Evento semelhante ocorreu quatro dias depois, 29 de abril, na cidade de Campina Grande, com a presença de 90 prefeitos. E Queiroguinha saltitante entre eles. Esse fato tem se repetido, também, em visita a hospitais, com Queiroguinha presente dando palpite.
Como a questão repercutiu demais, Queiroguinha negou que compareceu à cerimônia representando o Ministério da Saúde. Se esforçou para dizer que estava representando seu pai. E que foi à cidade de São Bento convidado pelo prefeito. Queiroguinha afirma que não vê nada demais buscar apoio eleitoral durante os eventos em que seu pai anuncia liberação de verbas. Para ele, é tudo normal. “Todo candidato tem o direito de buscar apoio”, disse ele, ao “Globo”, acentuando que na sua filosofia de trabalho não existe nada de errado e que ele faz sempre o que é certo. Então está certo. Queiroguinha continuará a fazer sua campanha eleitoral, especialmente em eventos do Ministério da Saúde na Paraíba, sendo recebido como uma autoridade, com toda a liberdade. Alguns professores de direito afirmam que essa conduta é inteiramente ilegal. Mas o que é ilegal neste país? Aqui é o vale tudo. Como diz a prefeita Ana Lorena Nóbrega (PL), do município de Monteiro, beneficiada pelo ministro, a presença de Queiroguinha nos eventos “é muito bacana”.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.